É impossível não sentir a paz e a tranquilidade ao entrar no Lar das Crianças com HIV-Aids. Em um prédio bem cuidado e aconchegante, irmã Madalena, diretora da Afrangel (Associação Franciscana Angelinas), concedeu entrevista exclusiva ao site Capital News e falou das dificuldades enfrentadas no momento. A equipe de reportagem retorna ao Lar das Crianças um ano após ter realizado uma reportgem especial sobre como vivem as crianças portadoras do HIV.
Apesar das inúmeras doações recebidas, a irmã destaca que sua maior preocupação é a financeira. São atualmente 30 crianças sob os cuidados do Lar, caso a crise econômica não se reverta, no ano que vem a casa terá que ser fechada.
Apesar da infra-estrutura que o local oferece, equipada com consultório odontológico, sala de fisioterapia, psicologia, brinquedoteca, sala de informática e outros cômodos que fornecem conforto às crianças, para que tudo possa funcionar a casa precisa dos profissionais.
A equipe dos voluntariados ajuda como pode, porém, as crianças precisam de mais. A falta de dinheiro faz com que faltem profissionais no Lar. Além de explicar um pouco da situação que se encontra o local, irmã Madalena fala sobre o caso da criança que passou por dificuldades no ano passado. Confira:
Capital News - Como está o estado de saúde da criança de 13 anos que a senhora fez um apelo no ano passado para salvarem a vida dela?
Irmã Madalena - Ela está bem, sobreviveu com a graça de Deus e está cada dia mais bonita. Nem parece que passou por dificuldades. Ela teve meningite e por conta de um tumor no cérebro teve que colocar uma válvula na cabeça. Uma técnica de enfermagem que trabalhava aqui apadrinhou essa criança e ajudou a salvar a vida dela. Este foi mais um caso como tantos que vemos por aqui. Eles chegam acabadinhos e vão se recuperando.
Capital News - Quais as dificuldades enfrentadas atualmente pelo Lar das Crianças?
Irmã Madalena - Dentre algumas dificuldades que enfrentamos hoje, a financeira é a que está em estado crítico. A crise está cada vez pior. Por exemplo, estamos sem fisioterapeuta, pois não temos dinheiro para pagar um profissional. Tem crianças aqui que estão com as pernas bem atrofiadas, precisamos de ajuda. Estávamos sem psicólogo e sem assistente social porque não tínhamos como pagar. Mas as crianças estavam necessitando de uma psicóloga, algumas estavam tendo crises nervosas e precisamos contratar uma. Pensamos: “Ou salvamos as crianças ou contratávamos uma assistente social”.
Atualmente, dificuldade financeira é a principal preocupação do Lar das Crianças com HIV
Foto: Deurico/Capital News
Capital News - Quantas crianças são atendidas e qual o valor gasto mensalmente no Lar?
Irmã Madalena - Gastamos em média R$ 20 mil por mês. Esse valor pode alterar conforme a quantidade de crianças que atendemos. A idade das crianças varia entre zero e 18 anos. O mais velho tem 18 anos e é atendido na própria casa. Dentro do Lar, a criança mais velha tem 14 anos.
Capital News - Qual o índice de mortalidade das crianças com HIV?
Irmã Madalena - Até hoje, desde que eu estou aqui, uma criança da casa faleceu. Era um bebezinho, eu não cheguei a conhecê-lo, apenas fiquei sabendo. Mas com certeza deve morrer muita criança por aí e não ficamos sabendo. Será que todas conseguem tomar os remédios necessários? Das crianças que tratamos, com certeza se elas não estivessem nessa casa já teriam morrido.
Capital News - Tem algum caso crítico de alguma criança neste momento?
Irmã Madalena - Um menino de 10 anos está bem desanimado. Está com depressão. Não quer lutar pela vida. Se estivesse morando na casa dele não faria o tratamento. Aqui nós o obrigamos a fazer o tratamento pela vida dele. Ele não quer receber o remédio. O psicólogo que contratamos faz um trabalho intenso para que ele queira fazer o tratamento.
Capital News - Como funciona o projeto “Apadrinhe uma Criança”?
Irmã Madalena - Demos este nome ao projeto mas não é somente uma criança que precisa de ajuda. A pessoa pode contribuir com valores que variam de R$ 10, R$ 20, R$ 30, R$ 40 e R$ 50. O valor arrecadado é utilizado em prol de todas as crianças necessitadas.
Projeto Apadrinhe uma Criança foi criado para arrecadar verbas para garantir que as crianças sejam bem atendidas
Foto: Deurico/Capital News
Capital News - Como anda a instalação do parquinho doado para a casa?
Irmã Madalena - A prefeitura veio aqui e limpou o local. Agora estamos aguardando que coloquem terra para aplainar o terreno.
Capital News – Como a população contribui com o Lar das Crianças?
Irmã Madalena - Com a graça de Deus, eu só tenho a agradecer. Material de limpeza, higiene e comida, os amigos bem feitores são generosos. A nossa dificuldade é financeira mesmo, é o dinheiro. Eu tenho vergonha de pedir, mas, neste momento estou tendo que perdê-la e colocar a boca no mundo e pedir socorro, porque, ou eu perco a vergonha e peço pelas minhas crianças ou eu fecho a casa. Não temos de onde tirar dinheiro. Estamos fazendo bazar, rifas e churrascos beneficentes. Estamos fazendo de tudo.
Como ajudar:
Banco do Brasil - Campo Grande/MS
Agência: 2959-9
Conta Corrente: 22.198-8
Ou diretamente na instituição, na rua Seminário, 2.170, bairro Jardim Seminário, Campo grande, Mato Grosso do Sul
Mais informações pelo telefone: 3365-0590
Com muito amor e carinho Irmã Madalena cuida das crianças que necessitam dos cuidados dela
Foto: Deurico/Capital News
Por Valquíria Oriqui - estagiária - Capital News (www.capitalnews.com.br)
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Ana Cristina 20/12/2010
Tem que pedir ajuda para o pessoal da Assembleia Legislativa...eles tem dinheiro de sobra... quando o dinheiro fala mais alto, dificilmente se tem humanidade... é uma vergona!!!
Simone 14/12/2010
Será que os gestores tanto municipal e estadual, os politicos que elegemos não tem um pingo de conciencia em ajuda-los? Até quando vamos ver isso acontecer? São seres humanos que necessitam de uma chance na vida! Façamos nossa parte, por favor quem puder doe algo, nem que seja o seu carinho as essas crianças!
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