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Agronegócio Quinta-feira, 31 de Julho de 2025, 13:25 - A | A

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Rota Bioceânica

Logística coloca Mato Grosso do Sul na rota do protagonismo agropecuário nacional

Com investimentos bilionários, estado se prepara para se tornar um dos principais eixos de escoamento do agro no país pela Rota Bioceânica

Elaine Oliveira
Capital News

Mato Grosso do Sul está prestes a passar por uma transformação logística sem precedentes, que poderá consolidar o estado como um dos principais polos de produção e escoamento do agronegócio brasileiro nas próximas duas décadas. Para a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), este é um momento decisivo que pode impulsionar a competitividade, atrair investimentos e gerar emprego e renda no campo.

Entre os principais projetos acompanhados pela entidade está a nova concessão da BR-163 à empresa Motiva. Com contrato de 29 anos e previsão de R$ 16,6 bilhões em investimentos, o projeto contempla duplicações, faixas adicionais, viadutos, passarelas e áreas de descanso para caminhoneiros, ao longo dos 847 km da rodovia. A modernização da via é considerada essencial para garantir mais fluidez, segurança e eficiência no transporte da produção agropecuária.

Saul Schramm/Governo MS

Rota da Celulose em Mato Grosso do Sul

Rota da Celulose vai qualificar rodovias no Mato Grosso do Sul

Outro eixo logístico considerado estratégico é a Rota da Celulose. Embora suspenso temporariamente por questionamentos jurídicos da segunda colocada no leilão — a XP Infra Fundo de Investimentos —, o projeto foi vencido pelo Consórcio K&G, que prevê investimentos de R$ 10 bilhões em 30 anos. A iniciativa visa recuperar e modernizar 870 km de rodovias federais e estaduais em regiões de alta concentração da indústria de celulose, como Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Água Clara.

A Famasul destaca que superar os gargalos logísticos é fundamental para que o estado avance na integração dos modais, supere as limitações de armazenagem e resolva entraves ambientais em portos e terminais. A diversificação da matriz logística é apontada como prioridade, com destaque para o potencial do modal hidroviário.

A hidrovia do Rio Paraguai, entre Corumbá e Porto Murtinho, está em fase de estudos para concessão. A proposta prevê dragagem, balizamento e sistemas inteligentes de navegação, visando ampliar a competitividade da via fluvial, que possui menor custo operacional e menor impacto ambiental em comparação ao transporte rodoviário.

A logística rural também entra no radar das transformações. Em março, uma equipe da Esalq-Log/USP percorreu cerca de 1.300 km na microrregião de Dourados, como parte de um mapeamento situacional de estradas vicinais realizado em parceria com a CNA e com base na Portaria nº 777/2025 do Ministério da Agricultura. A iniciativa busca levantar dados técnicos para melhorar a infraestrutura de acesso à produção no campo.

No cenário internacional, a conclusão da Rota Bioceânica — corredor que conectará MS aos portos do Pacífico, passando por Paraguai, Argentina e Chile — é vista como uma das mudanças mais relevantes. A nova rota reduzirá custos logísticos e ampliará o acesso do estado aos mercados asiáticos, inserindo o agronegócio sul-mato-grossense nas cadeias globais de valor.

Saul Schramm/Governo MS

Logística coloca Mato Grosso do Sul na rota do protagonismo agropecuário nacional

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No setor aéreo, o Plano Aeroviário Estadual prevê investimentos de R$ 250 milhões até 2026 para ampliar e modernizar aeroportos estratégicos. Entre as obras em andamento estão a ampliação da pista do Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande, e a construção de um novo terminal de passageiros no Aeroporto Regional de Dourados.

A Famasul reforça que infraestrutura adequada é sinônimo de previsibilidade nas entregas, redução de perdas e fortalecimento da imagem do estado como fornecedor confiável. Estudos do IPEA e da FGV indicam que cada R$ 1 bilhão aplicado em infraestrutura pode gerar até R$ 3,5 bilhões em PIB adicional em dez anos. Com mais de R$ 13 bilhões em investimentos previstos até 2030, o impacto direto e indireto na economia sul-mato-grossense pode ultrapassar os R$ 30 bilhões apenas no setor agropecuário.

A integração entre rodovias, ferrovias e hidrovias pode reduzir em até 30% o custo logístico por tonelada transportada. A nova malha também tem atraído empresas de armazenagem, agroindústria, energia e transporte, ampliando as oportunidades de negócios e fortalecendo o processo de agroindustrialização no estado.

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