Os calotes registrados na construção da megafábrica da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, começam a se repetir na obra bilionária da Arauco, em Inocência. A empresa Dom Chef, fornecedora de alimentação coletiva, acionou judicialmente a FPM, responsável por intermediar a venda de milhares de refeições diárias aos trabalhadores do Projeto Sucuriú, acusando-a de não pagar R$ 663 mil previstos em contrato.
Segundo a ação, a FPM faturou R$ 23,5 milhões entre agosto de 2024 e junho deste ano com a venda de café, almoço e jantar no canteiro de obras. Pelo contrato, a Dom Chef receberia 5% desse valor, o que resultaria em R$ 1,17 milhão — mas apenas R$ 546 mil foram pagos. A FPM, originária de Maceió (AL) e com sede aberta no Estado para atender a obra, estaria inadimplente desde janeiro.
O Consórcio MLC Aterpa, executor da obra, e a própria multinacional chilena Arauco também figuram no processo como devedores solidários. Procurada, a Arauco afirmou que “não comenta processos em segredo de Justiça e informa que todos os pagamentos a fornecedores e terceirizados são realizados rigorosamente em dia, conforme os contratos vigentes”. A FPM não se manifestou e não foi localizada.
A planta da Arauco, orçada em US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões), será a maior processadora de celulose de linha única do mundo, com capacidade para 3,5 milhões de toneladas anuais. A previsão de conclusão é para o fim de 2027.
O caso acende alerta para a repetição de problemas já registrados em Ribas do Rio Pardo, onde quarteirizadas apontam dívidas superiores a R$ 10 milhões na construção da megafábrica da Suzano.