Deurico Ramos/Capital News

Superlotação e ônibus velhos são algumas das principais reclamações da população
O usuário do transporte coletivo na Capital paga mais caro pela passagem desde quinta-feira (22): R$3,55. O aumento foi feito pela Prefeitura após validação do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS). Antes, o preço cobrado era R$3,25. Apesar do reajuste ser previsto no convênio firmado com o Consórcio Guaicurus, será que o valor cobrado faz jus ao serviço ofertado?
O universitário Joilson Francelino, que utiliza o ônibus principalmente para ir ao trabalho e à faculdade tem críticas ao serviço. Usuário do transporte coletivo desde 2005, ele diz que a frota atual é velha e a superlotação é constante. “O aumento é um abuso, porque não tem melhoras. A frota dos ônibus não são novas, ainda têm uns articulados que tiraram de circulação, que tinham wifi que nem prestava, ar-condicionado que não gelava, fora superlotação. É uma falta de respeito com o cidadão”, disse.
Outro problema para o universitário é a dificuldade em adquirir o passe, necessário para poder utilizar a condução. No local em que mora, há poucos lugares que vendem o cartão “Peg Fácil”. Francelino diz que não gosta de usar ônibus e tem procurado outras formas de locomoção, situação que tem sido feita por outras pessoas.
Mas, o menor número de usuários encarece os custos do Consórcio Guaicurus para continuar operando, e como consequência, pode aumentar a tarifa. É o que explica o professor Eric Moisés, um dos responsáveis do blog “Ligados no Transporte”. Ele diz que a cada ano, o número de passageiros tem caído na Capital. “O aumento de tarifa não serve nem pra manter o serviço, isso também ocasiona dimuinação da demanda, e com menos pagantes você vai ter que ratear o custo e sobe o preço da tarifa, é um ciclo viciante”, explica.
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Para professor, Prefeitura deveria realizar obras para melhorias do transporte coletivo
Pesquisador do transporte público na Capital, ele diz que nos últimos quatro anos houve muitos cortes de ônibus, com linhas que perderam de um a dois veículos “rodando”. Ainda, outras que “rodavam” durante todo o dia passaram a sair apenas em um horário. “A ideia de aumentar a tarifa é que pelo menos matenha a qualidade do serviço, e aqui em Campo Grande não é nem questão de manter porque vem caindo muito, a gente utiliza os ônibus mais baratos do mercado e faz tempo que não tem renovação ou manuntenção”, disse.
Ainda segundo Moisés, a tarifa de Campo Grande acompanha a média do Centro-Sul. No entanto, a Capital teria a pior qualidade do serviço prestado. Conforme ele, o Consórcio Guaicurus costuma atribuir à gratuidade do passe estudantil o alto preço cobrado. “Por mais que tenha essa questão da gratuidade, é nítido que o custo operacional é menor em Campo Grande do que na maioria das capitais”, disse.
Solução
Para Moisés, a Prefeitura é a principal responsável por mudanças no sistema de transporte urbano. No entanto, segundo ele, há anos não são feitas obras voltadas ao transporte coletivo. “Precisa de reforma de terminal, corredor para agilizar o deslocamento. A Prefeitura tem que investir na infraestrutura e também cobrar as empresas para que pelo menos ofereçam um serviço com mínimo de qualidade”, finaliza.