Anderson Ramos/Capital News

Sindicato diz que, a tendência é que as oficinas subam de 8% a 10% nos seus preços nos serviços
Esses anos que passaram foram de muita instabilidade para o setor automotivo, tanto na produção quanto na comercialização. Os primeiros efeitos foram registrados, claro, na venda de veículos 0km.
Em 2020 e 2021, as restrições impostas preventivamente para evitar contágios, junto com a falta de circulação de pessoas, fizeram com que a compra de carros diminuísse em comparação com anos anteriores.
Ainda assim, uma vez que a demanda foi aquecida novamente, o estoque necessário não foi atingido por causa de mais um fator que apareceu no cenário: a crise dos semicondutores, uma espécie de chips essencial para a montagem dos circuitos eletrônicos presentes na totalidade dos carros e que está em falta desde a chegada da Covid assim como por uma crise hídrica.
Com esse panorama a indústria fechou o ano com números fracos: a venda de veículos novos cresceu apenas 3% em 2021 em comparação com o ano anterior, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Mesmo que o saldo tenha sido positivo, é importante levar em conta que a base comparativa foi uma das piores na história do mercado; em 2020 registrou uma queda dramática de 26,16% sendo a primeira queda anual desde 2016.
A falta de estoque acrescentou fortemente o valor dos carros 0km e, ao mesmo tempo, atento que o prazo de entrega dos veículos atingiu os 180 dias, fez com que o público virasse para o setor dos seminovos e usados. A consequência foi óbvia: este tipo de carros registrou uma alta histórica nos preços e os clientes ficaram a cada dia com menos opções econômicas.
A mão de obra: mais um aumento nos preços
Para quem já é dono de um carro, a preocupação está nos custos de manutenção. Nesse sentido, como já foi anunciado, por exemplo, pelo Ricardo Cramer, vice-presidente do Sindicato dos Reparadores de São Paulo (Sindirepa-SP), é de se esperar incrementos no custo de mão de obra nas oficinas mecânicas. Isto deve-se à própria inflação registrada no país, mas também tem a ver com o fato de que, ao longo dos últimos dois anos, a maioria das oficinas fizeram o esforço de evitar aplicar aumentos para não prejudicar ainda mais o consumidor.
O próprio Cramer explica que já aplicou um incremento de 8% no preço da mão de obra em novembro do ano passado, e mais um 8% neste mês. Segundo ele, a tendência é que as oficinas subam de 8% a 10% nos seus preços.
Esse tipo de incremento não é isolado. Ele vem da mão dos diversos aumentos que já estão sendo observados nas diferentes peças dos carros. Para ter uma ideia, a cesta de peças do Volkswagen Gol, um dos modelos mais vendidos, refletiu incremento de 26% nos seus preços.
Com esse panorama, também é de se esperar subidas no preço dos seguros de carro. Isso porque, eventualmente, a companhia seguradora terá que repor alguma peça com motivo de um sinistro, portanto, para manter o lucro, precisa repassar os aumentos para os segurados.