Nesta quinta-feira (1º) a passagem de ônibus de Campo Grande amanheceu com o reajuste autorizado pela prefeitura em R$ 2,85 apesar dos protestos da população, bem como de alguns representantes na Câmara de vereadores da Capital. Os vereadores solicitaram por meio de requerimento, que a planilha de custo, nunca divulgada pelas empresas e pelo executivo municipal, fosse enviada para estudos, antes do aumento ocorrer. Ontem ocorreram protestos de estudantes, que resultou em certa violência, contra o aumento e que pedia melhorias no transporte público. Mas também a prefeitura divulgou pela primeira vez, por meio do site oficial da Agetran (Agência municipal de Transporte e Trânsito) os dados que justificam a nova alta no preço do custo do transporte coletivo.
Conforme aponta o documento, o cálculo da tarifa é feito entre o custo variável (combustível, lubrificantes, rodagem, além de peças e acessórios) e custo fixo (depreciação, remuneração, despesas com pessoal e administrativas). Em relação ao custo variável, 56,6% se referem apenas ao gasto com combustíveis. Em outro dado, os números apontam que 4,4% do custo se referem aos tributos e encargos por quilômetro rodado. Isto perfaz 60%, o que seria de obrigação "absoluta" ou produto indispensável da empresa.
O restante, 40%, são os custos fixos, como salários e administrativo. Além das gratuidade, que não são exatamente, as "culpadas", como geralmente reclamam os empresários. O montante de passageiros em média é de 6,58 milhões sendo transportados pelo transporte coletivo, em um ano. Deste total, cerca de 1,8 milhão são referentes a gratuidades.
"É um assalto" cita o auxiliar de padaria, Rafael da Silva, 16 anos, se referindo ao preço do vale. “ Prefiro até vim no centro de bicicleta do que de ônibus. E muito caro. Como trabalho e estudo tenho passe de estudante e vale transporte da empresa. E mesmo assim vai ser descontado o preço do vale transporte no meu salário. Acaba atingido o bolso de todos os trabalhadores”, lembra.

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Foto: Deurico/Capital News
O texto tarifário mostra conforme entendimento da reportagem que a tarifa para cobrir somente as despesas totais deveria ser de R$ 2,71. O aumento total ou os outros R$ 0,14 vem a ser de lucro das empresas. Conforme calculo utilizado, com base na planilha, as despesas somam R$ 8,3 milhões e se somarmos a quantidade de passageiros pagantes, em 4,7 milhões pelos preço da passagem antiga, em R$ 2,70, a arrecadação já chegaria a R$ 12,6 milhões. A sobra de caixa marcaria R$ 4,3 milhões.
O professor de educação física, Jean Franco, 25 anos, alega que o aumento é considerado um roubo. Ele justifica que todos os ônibus não têm mais cobradores e não teve nenhum aumento de combustível pra dizer que esse é o motivo. "Pego o ônibus quatro vezes por dia. Vai à metade do meu salário. Pesa bastante no meu bolso", aponta.

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Foto: Deurico/Capital News
Detalhes oficiais são numéricos sem entendimento comum
Dentre os quadros, são destacados dados como gasto com salários de motorista, cobrador e fiscal/despachante, que chegam a R$ 610,7 mil por mês, além de despesas anuais como “Seguro Responsabilidade Civil da Frota Total”, de R$ 604 mil, e IPVA total da frota, que corresponde a R$ 164,6 mil.
Ao final do detalhamento, a planilha aponta que a tarifa técnica do transporte coletivo urbano de Campo Grande é de R$ 2,8579, que entrou em vigor a partir de hoje. Contudo não há uma explicação sobre como é feito este calculo, como os números "calculados" acima pela reportagem.
Frota não muito nova
Conforme a planilha, a frota na Capital não é nova ou ao menos já esta em circulação a cerca de dois anos, na maioria dos 539 veículos possuem. Deste total, 206, está em uso de um a dois anos, enquanto 88 possui de quatro e cinco anos de circulação e 75 entre cinco e seis anos. Apenas 68 têm apenas 12 meses de circulação. São mais de três milhões de quilômetros rodados por mês.
População se manifesta somente com jornalistas
A idosa Uranita Santana, 61 anos, disse estava comprando dois vale transporte quando percebeu o aumento. “ Ando pouco de ônibus mas para quem e trabalhador precisa muito do transporte coletivo e um gasto a mais no orçamento”.
Raisa dos Santos, 18 anos, está desempregada há seis meses, e disse que agora ficou mais difícil. “ Tenho que vim na região central pelo o menos duas vezes na semana e agora vou pagar mais caro”.

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Foto: Deurico/Capital News
Contudo, para a atendente Daniele Silva, 23 anos, da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano (Assetur), que recarrega e vende vale transporte no ponto de ônibus da rua 15 de Novembro, ninguém reclamou do preço. "A população está sabendo do aumento através da própria mídia. Hoje ninguém reclamou comigo"

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Foto: Deurico/Capital News
Juarez Goncalves 01/03/2012
Na TAC assinada em setembro, ficou previsto que não teria reajuste. e agora a quem recorrer?
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