Com a venda da Poliesportiva, através do leilão realizado ontem (24) no valor de R$ 720 mil, o último patrimônio do Operário FC, os problemas enfrentados pelo funcionário Inocêncio Arce Salazar, podem ter aumentado e com isso, ele admite ter mais complicações pela frente, para receber os 24 anos de serviços prestados ao clube, conforme consta em sua Carteira de Trabalho.
Na verdade, ao olho nu, o problema envolvendo Inocêncio, conhecido entre os desportistas como “Tucho”, é um tanto complexo e caberá à Justiça de mistificar o mesmo. Do total da área que pertencia ao clube 50.389,06 metros quadrados, Tucho se apropriou de um pedaço, onde fez a sua moradia. Essa foi a saída encontrada por ele para abrigar os seus familiares, pois desde então o mesmo já enfrentava problemas quanto à falta de pagamento por parte dos dirigentes.
Inocêncio teve a sua Carteira de Trabalho assinada em 1991 e após ter ficado 29 meses sem receber pagamento, um Juiz – cujo nome ele não recordou – determinou ao escrivão, que desse baixa no vínculo empregatício, para que ele pudesse fazer a retirada do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS). Dentro dos trâmites legais, o mesmo deu entrada na documentação no banco oficial do Governo e para a sua – outra – decepção, não havia sido depositado nenhum valor. “Não tinha nenhum real”, recorda.
Diante do novo problema, a solução encontrada pelo então presidente do Operário, Roberto Wolf que tentava tornar o Operário um clube-empresa e já com sigla “SA” – Sociedade Anônima, a carteira do funcionário Inocêncio Arce Salazar, que já morava em uma casa anexo à Poliesportiva, foi novamente assinada, por apenas três meses, no período de 2002 a 2003 e para a sua nova frustração, mas uma vez, ele ficou sem receber nada.

Tucho mostra seu registro em carteira feito pelo time do Operário F.C
Foto: Deurico/Capital News
O tempo passou, entraram e saíram os presidentes do Operário e “Tucho” sem salários, foi ficando na casa da Poliesportiva que passou a ter algumas melhorias, pois afinal, ele reside no local até hoje e nada mais justo que fazer ampliações e por fim, cansado de esperar pelos pagamentos dos salários atrasados que foram se acumulando, segundo ele, a saída encontrada foi a de “arrendar” o campo da Poliesportiva, pela importância de mil reais mensais, dinheiro essa que serviu para amenizar as suas despesas mensais.
“Agora eu não sei que vou fazer. Vou esperar a decisão da Justiça. Se ela (Justiça), decidir que eu tenho que sair daqui, vou sair, mas primeiro quero ver como fica”, disse o caseiro que aos 53 anos, revelou que não consegue mais emprego pelo fato de ter a idade um tanto avançada e, além disso, hoje ele sofre com a diabete, estando, portanto, um tanto debilitado em função da gravidade da doença.
O caseiro revelou ainda que ontem (24) à noite, uma pessoa que se identificou apenas como “amigo” do empresário – Paulo Roberto Álvares Ferreira, que fez o arremate da Poli, – foi ao local para averiguar se no mesmo, existem as três casas conforme o edital do leilão e Tucho adiantou que as mesmas existem, mas são os vestiário e um outro salão (anexo aos vestiários) que ele teria feito algumas reformas entre elas, a compra de telhas. “Casa mesmo, só a minha. O que ficou foi onde eram os vestiários e um salão”, disse.

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Foto: Deurico/Capital News