Apesar do veto do Ibama à dragagem de manutenção no Rio Paraguai, o transporte de minério bateu recorde nos quatro primeiros meses de 2025. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), foram escoadas 2,054 milhões de toneladas pelos portos de Ladário e Corumbá — a maior marca já registrada nesse período. "Mesmo sem obras, tivemos o melhor início de ano da história", destacou a Antaq.
Se essa carga fosse retirada do Pantanal por carretas bi-trem, seriam necessárias cerca de 10 mil viagens. O volume supera o recorde anterior, registrado em 2023, quando a média mensal foi de 483,7 mil toneladas. Em 2025, esse número saltou para 513,5 mil toneladas por mês, representando um aumento de 6,1%.
O resultado só foi possível devido ao aumento das chuvas desde setembro de 2024, que elevaram o nível do Rio Paraguai em Ladário acima dos três metros nesta semana. “Neste sábado, o rio amanheceu com 3,02 metros, algo que não víamos desde outubro de 2023”, informou a Antaq. Na mesma época no ano passado, o nível era de apenas 1,29 metro e vinha em queda há 40 dias.
Segundo a Antaq, comboios conseguem operar com carga plena a partir de 1,5 metro de profundidade. Abaixo disso, há necessidade de redução na carga ou até suspensão do transporte. Em 2024, a baixa no nível d’água reduziu a média mensal de escoamento para 297 mil toneladas — 42% abaixo do desempenho atual.
A dragagem continua sendo defendida por técnicos como solução definitiva. “Se a manutenção fosse feita nos 18 pontos críticos, o transporte poderia ocorrer o ano inteiro”, afirmou a agência. Mesmo com o veto do Ibama, o processo de concessão da hidrovia avança, e o leilão deve ocorrer até o fim de 2025, com R$ 63,8 milhões previstos em investimentos nos primeiros cinco anos.
