Bonito, referência mundial em ecoturismo, enfrenta sérias ameaças ambientais causadas pelo avanço da agropecuária. Uma nota técnica, baseada em dados de 1985 a 2023, apontou a substituição da vegetação nativa por monoculturas como fator de risco para a qualidade da água e a biodiversidade da região. “Mudanças no uso e cobertura do solo [...] têm acarretado a degradação da qualidade da água”, alertaram os especialistas.
A análise, assinada por cinco instituições ambientais, destacou que a área ocupada por soja saltou de 0,4% para 7% em quase 40 anos. Pastagens também cresceram de forma acentuada. Esse uso intensivo do solo tem aumentado a erosão, causado perda de biodiversidade e alterado o equilíbrio hidrológico da Bacia do Rio Miranda, onde estão os rios Formoso e da Prata.
Além da erosão, a contaminação por metais pesados e agrotóxicos representa outro risco grave. “Esses contaminantes afetam diretamente a fauna, a flora e podem trazer riscos à saúde humana”, diz o documento. A situação preocupa, pois 94% do território de Bonito está inserido nessa bacia, e os danos já afetam o setor de turismo, responsável por 40% da economia local.
Com cerca de 300 mil visitantes por ano, Bonito depende de águas limpas para manter sua imagem de destino sustentável. Segundo a nota, medidas urgentes são necessárias, como zoneamento ecológico-econômico, licenciamento mais rigoroso e respeito à zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra da Bodoquena.
O governo estadual afirmou que já iniciou ações de preservação dos recursos hídricos em 2024. Uma reunião com técnicos da UFRJ, da prefeitura e da administração estadual foi realizada em fevereiro. “É preciso garantir o uso adequado do solo para proteger o que Bonito tem de mais valioso: a natureza”, conclui a nota técnica.
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