Pelo menos 16,7 mil aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em Mato Grosso do Sul já procuraram atendimento para contestar descontos não autorizados em seus benefícios. Os atendimentos ocorrem nas agências dos Correios em vários municípios do Estado e seguem até 31 de dezembro.
Em todo o Brasil, mais de 1,1 milhão de pessoas já recorreram após notificação feita pelo governo federal a 9 milhões de segurados. A estimativa é de que os descontos irregulares cheguem a R$ 4 bilhões, com registros de mensalidades associativas ou contribuições feitas sem consentimento.
Mesmo com a possibilidade de resolver a situação pelo aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135, muitos aposentados preferem ser atendidos presencialmente. Isso se deve à dificuldade de lidar com plataformas digitais, especialmente entre idosos que aguardam reembolso. Em Mato Grosso do Sul, 85 agências dos Correios estão habilitadas para o atendimento gratuito.
A operação nacional que revelou o esquema de descontos indevidos foi deflagrada em março deste ano, em 34 cidades, pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal. A “Operação Sem Desconto” resultou em 211 mandados de busca e seis prisões temporárias. O esquema é investigado por envolver cerca de 4,1 milhões de beneficiários, com prejuízos que podem passar de R$ 6,3 bilhões.
O Procon-MS também identificou 121 entidades envolvidas em descontos sem autorização, número 11 vezes maior que o revelado pela Polícia Federal até agora. Destas, 11 já são alvo de inquéritos. A AGU (Advocacia-Geral da União) pediu o bloqueio de mais de R$ 2,5 bilhões das entidades suspeitas, enquanto aproximadamente R$ 1 bilhão já está retido para ressarcir os segurados. Uma CPMI no Congresso Nacional também foi criada para apurar as irregularidades.