E antes de sair de casa para aquela festa, se perfumou, se arrumou, pegou o coração, embrulhou, enlaçou e seguiu contente, com a mesma alegria que se tem quando se compra um presente maravilhoso e mal consegue esperar a hora de entregar.
E quando chegou ao local, percebeu que o aniversariante estava tão rodeado de pessoas lindas que quando recebeu seu presente, preferiu nem abrir. Ele simplesmente disse: “Nossa, obrigado, coloca ali na mesinha do canto que depois eu olho! Vai entrando, a casa é nossa”.
Nossa! Quanta educação! Ela então entrou e se sentou, um pouco incomodada com um pedaço seu, jogado ali no canto, embrulhado e enlaçado … e de repente, ela começou a se sentir tão pequena diante de tanta gente, música alta, vários amigos, bebida …
Quando as pessoas começaram a dançar, se acotovelando no meio do salão, ela resolveu sair. Foi até o canto, discretamente, retirou o presente embrulhado com tanto esmero, enfiou o coração no bolso e voltou pra casa.
Fez todo o trajeto pensando em como poderia entregar seu coração assim. Olhou pra ele, depois o engoliu junto de outros comprimidos e água, deitou e dormiu!
Mas o coração não desceu com a água, ele parou no meio do caminho e agora está entalado na garganta, junto de outros nós …