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Coluna Saúde com H

Aumento de 233% nas Doenças Intestinais no Brasil Expõe Riscos à Saúde Sexual, Alerta Dr. Paulo Egydio

Por Dr. Paulo Egydio

Da coluna Coluna Saúde com H
Artigo de responsabilidade do autor

Estudo revela como inflamações intestinais podem comprometer a produção hormonal e afetar o desempenho sexual masculino

Reprodução/Freepik

SaúdeComH

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O Brasil registrou um aumento expressivo nos casos de doenças intestinais nos últimos anos. Mudanças no estilo de vida, como alimentação inadequada e sedentarismo, estão entre os fatores que contribuem para esse cenário.

Um relatório publicado em 2022 pela revista The Lancet Regional Health – Americas revelou que os casos de doenças inflamatórias intestinais (DII) no país cresceram 233% em apenas oito anos.

Diante desse cenário, o que poucos sabem é que o funcionamento do intestino está diretamente relacionado à saúde sexual, podendo gerar impactos negativos a longo prazo.

Problemas intestinais afetam milhares de brasileiros

De acordo com o estudo, entre 2012 e 2020, houve um crescimento médio de 15% ao ano nos diagnósticos de DII. Entre as mais comuns estão a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

Especialistas alertam para sintomas que merecem atenção, como diarreia crônica com sangue, muco ou pus, cólicas abdominais, perda de apetite, urgência para evacuar, fadiga e perda de peso.

Em casos mais graves, podem surgir deficiências nutricionais e quadros de anemia acompanhados de febre. Cerca de 30% dos pacientes também relatam sintomas em outras partes do corpo, como pele, olhos e articulações.

Função intestinal influencia a saúde sexual

A conexão entre intestino e saúde sexual envolve, principalmente, a produção de hormônios essenciais como testosterona e estrogênio. Segundo o Dr. Paulo Egydio, PhD em Urologia, qualquer desequilíbrio nesse processo pode comprometer a vida sexual.

“Esse quadro inflamatório persistente afeta a produção hormonal, especialmente a de testosterona, que está diretamente ligada à libido e à função erétil. Quando os níveis desse hormônio caem, é comum que o paciente perceba redução no desejo sexual e dificuldade para manter ou alcançar uma ereção satisfatória. Além disso, os medicamentos usados no tratamento dessas doenças podem interferir na libido”.

“Por outro lado, não podemos ignorar os aspectos psicológicos desse contexto. A ansiedade, o desconforto abdominal e a preocupação constante com episódios de dor durante a relação sexual podem criar um ambiente emocional extremamente desfavorável”, explica o médico.

Outro ponto importante é a interação entre cérebro, intestino e hormônios sexuais. O microbioma intestinal, onde vivem microrganismos essenciais, participa da produção de neurotransmissores como dopamina e serotonina, ligados ao prazer e ao bem-estar.

“Quando há uma inflamação intestinal, é como se a área de logística estivesse em greve: o corpo começa a operar em modo de emergência, com foco em conter o problema e apagar incêndios. Isso faz com que ele redirecione recursos e energia para o sistema imunológico, tentando controlar o foco inflamatório. Resultado? Com menos testosterona circulando, o desejo sexual cai e a qualidade da ereção pode ser comprometida. Afinal, a testosterona é um dos motores por trás da função erétil. É como tentar fazer um carro funcionar com o tanque quase vazio”, alerta o especialista.

Inflamação intestinal pode causar disfunção erétil

A saúde intestinal também pode interferir diretamente na ocorrência de disfunção erétil, condição caracterizada pela dificuldade de manter a rigidez do pênis durante o ato sexual.

Durante processos inflamatórios intestinais, existe uma queda na produção de óxido nítrico, substância essencial para a dilatação dos vasos sanguíneos e, dessa forma, para a ereção.

Além disso, a absorção de nutrientes como magnésio e zinco, fundamentais para a produção de testosterona, também é prejudicada. Um estudo publicado na revista Sexual Medicine mostrou que homens com Síndrome do Intestino Irritável (SII) têm o dobro de chances de apresentar disfunção erétil.

De modo geral, o Dr. Paulo Egydio alerta para os riscos envolvidos e a necessidade de entender, a partir de sinais, se existe uma inflamação intestinal e se o problema afeta a vida sexual.

“Entre os principais, estão queda no desejo sexual, dificuldade para manter a ereção, cansaço frequente e desconforto abdominal durante a relação. Esses sintomas, quando aparecem juntos de alterações no hábito intestinal, como diarréia, constipação ou inchaço abdominal, podem sinalizar que há um desequilíbrio inflamatório afetando também a produção hormonal, especialmente da testosterona”, afirma o médico.

Mudança de hábitos é essencial para evitar problemas

A crise de saúde intestinal enfrentada por grande parte dos brasileiros pode ser revertida com mudanças simples no estilo de vida. Além da alimentação inadequada, a falta de sono e de atividade física, bem como o consumo excessivo de álcool e cigarro, também estão ligados ao aumento.

Todos esses fatores contribuem para o agravamento do quadro. Por isso, é importante repensar hábitos e fazer ajustes na rotina quando necessário.
“Manter a saúde intestinal é fundamental para preservar a função sexual. Isso depende de práticas simples, mas consistentes. Recomendo uma alimentação rica em fibras e probióticos naturais, evitar alimentos ultraprocessados, praticar exercícios físicos, controlar o estresse e manter uma boa hidratação”, destaca o especialista.

“O sono também merece atenção. É durante a fase REM que o corpo regula hormônios como a testosterona. Distúrbios como a apneia do sono, que interrompem esse ciclo, podem afetar tanto o intestino quanto a função erétil. Cuidar do intestino é cuidar da energia e da sexualidade masculina”, conclui o doutor.

Essas práticas favorecem a saúde intestinal e sexual, além de contribuírem para o bem-estar geral. Vale lembrar que este conteúdo tem caráter informativo e que um profissional de saúde deve ser consultado em caso de dúvidas ou sintomas persistentes.


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Divulgação

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Dr. Paulo Egydio

Dr. Paulo Egydio
Urologista | PhD pela Universidade de São Paulo (USP)
Especialista em cirurgia reconstrutiva peniana, com foco no tratamento da Doença de Peyronie e na implantação de próteses penianas em casos desafiadores e complexos. Formado pela USP, onde concluiu residência médica e doutorado, complementou sua formação em centros internacionais de excelência, como a Mayo Clinic e a Cleveland Clinic Foundation.

Ao longo de sua carreira, tem se dedicado ao avanço técnico-científico da urologia reconstrutiva, realizando centenas de procedimentos, incluindo cirurgias ao vivo apresentadas em universidades e congressos internacionais. Já proferiu mais de 100 palestras e participou ativamente como debatedor em eventos científicos de destaque.

É autor e coautor de mais de 50 publicações, entre artigos científicos e capítulos de livros, com contribuições relevantes para a padronização e o refinamento das técnicas cirúrgicas aplicadas à saúde sexual masculina."

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