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Marco Eusébio Domingo, 26 de Outubro de 2025, 12:33 - A | A

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Coluna Entrelinhas da Notícia

Bagres-abelha escalando cachoeira em MS chamam atenção de pesquisadores: vídeo

Por Marco Eusébio

Da coluna Entrelinhas da Notícia
Artigo de responsabilidade do autor

Uma cena rara de milhares de bagres-abelha (Rhyacoglanis paranensis) escalando rochas escorregadias atrás de uma cachoeira no rio Aquidauana registrada em novembro do ano passado pela Polícia Militar Ambiental (PMA) chamou a atenção de pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), que investigaram o fenômeno.

A equipe, coordenada pela pesquisadora Manoela Marinho, encontrou os peixes agrupados em paredes de pedra de até quatro metros, avançando aos poucos em meio à correnteza. Em alguns trechos, os bagres se empilhavam uns sobre os outros, enquanto outros exploravam pequenas fendas e áreas protegidas da água corrente.

A presença de pelo menos três outras espécies no mesmo trajeto indica que a rota vertical é compartilhada por diferentes peixes adultos. Segundo a equipe, a escalada segue uma técnica: os animais impulsionam-se com força, param brevemente para descansar atrás de pedras e retomam a subida. Esse ritmo de avanço intercalado com pausas estratégicas evita que se esgotem fisicamente. Além disso, o comportamento é sincronizado com o ciclo diário: durante as horas mais quentes, os peixes permanecem em locais sombreados; somente ao anoitecer iniciam a subida em direção às áreas mais altas do rio.

O mecanismo que permite a aderência dos bagres é surpreendente. Com nadadeiras peitorais totalmente abertas, eles “abraçam” a rocha e avançam com movimentos laterais do corpo e impulsos da cauda. Uma pequena cavidade sob o abdômen cria sucção suficiente para manter a fixação em superfícies lisas e molhadas, mesmo sem a presença das ventosas bucais ou pélvicas conhecidas em outros peixes, como o goby-lava do Havaí.

Conforme O Globo, os pesquisadores afirmam que a ocorrência representa uma oportunidade única de estudar o R. paranensis, espécie pequena — raramente ultrapassa nove centímetros — e difícil de ser observada em rios turvos, onde a força da correnteza dificulta a visualização. A hipótese mais provável é que os bagres estejam realizando uma migração reprodutiva, subindo o rio para desovar em regiões mais elevadas. No entanto, ainda não se sabe se o fenômeno se repete anualmente ou ocorre em rios próximos.

A pesquisadora disse à CNN que eventos como esse são fundamentais para compreender o papel ecológico desses peixes e reforçar a importância da conservação de seus habitats, especialmente diante de ameaças como represamento de rios e fragmentação ambiental. "Observar essas pequenas criaturas em ação nos ajuda a entender suas estratégias de sobrevivência e a necessidade de proteger esses ambientes frágeis", afirmou. Veja o vídeo abaixo. (Com o Globo e CNN)

  

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Nascido em Santo André (SP) e radicado em Campo Grande (MS) desde a adolescência, Marco Eusébio é um dos mais experientes jornalistas de Mato Grosso do Sul. Com um estilo refinado e marcante de escrever, ficou conhecido como autor de uma das mais lidas colunas divulgadas em sites de notícias do estado. Agora em formato “in blog” amplia a comunicação com seus leitores através deste Portal www.marcoeusebio.com.br ativado no dia 29/2/2009.

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