Empresas adotam medidas para tornar o ambiente mais confortável durante o inverno e evitar quedas de produtividade e afastamentos por saúde
Uma pesquisa da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, demonstrou que ambientes com temperaturas abaixo de 20 °C elevam em até 44% o número de erros cometidos em tarefas simples, principalmente em atividades repetitivas. O desconforto térmico interfere na concentração e tende a provocar dores musculares, desânimo e aumento de afastamentos médicos.
Diante desse cenário, empresas de diferentes segmentos têm buscado estratégias para tornar os locais de trabalho mais acolhedores sem recorrer a reformas estruturais de alto custo.
Ambientes mais aquecidos favorecem a produtividade diária
Para quem atua em escritórios, galpões ou espaços industriais amplos, manter o ambiente interno em uma temperatura confortável pode ser desafiador. As construções comerciais, com janelas amplas e pouca vedação, muitas vezes facilitam a entrada de correntes de ar.
Uma das primeiras medidas adotadas é a vedação de portas e janelas com fitas isolantes e o reforço em pontos de entrada de vento. Cortinas térmicas e tapetes ajudam a conter o frio que se acumula no piso.
Empresas que operam em espaços maiores, como centros de distribuição ou linhas de produção, recorrem a cortinas de PVC em divisões internas para conter a dissipação do calor. Em muitos casos, pequenos ajustes no layout dos postos de trabalho já permitem ganhos de conforto, como o reposicionamento de mesas longe de entradas de ar e áreas com sombra constante.
O uso de aquecedores portáteis têm sido frequente, embora demande cuidado com a carga elétrica. Para evitar sobrecargas, é comum que gestores avaliem a instalação de aquecedores fixos ou o uso de climatizadores evaporativos, especialmente em ambientes com maior ventilação natural.
Retomada do trabalho presencial reforça atenção ao conforto térmico
Com a diminuição dos impactos da pandemia, muitas empresas têm revisado políticas de home office e iniciado a retomada do trabalho presencial. Segundo levantamento recente da FGV, cerca de 48% das empresas consultadas afirmaram ter reduzido o regime remoto em 2024, com destaque para setores administrativos e de serviços.
Nesse novo cenário, o ambiente físico volta a ter influência direta na produtividade e bem-estar dos funcionários. Durante os meses mais frios, o desconforto térmico se soma ao impacto de deslocamentos em horários de menor temperatura, como no início da manhã. Algumas organizações passaram a flexibilizar o horário de entrada, permitindo que a jornada se inicie após às 9h em dias de frio intenso.
Outro cuidado frequente é o reforço no uniforme ou vestuário permitido. Algumas empresas autorizam o uso de casacos, mantas e toucas dentro do ambiente, enquanto outras distribuem roupas térmicas para equipes que atuam em áreas externas. Iniciativas como pausas para café e bebidas quentes também são incorporadas à rotina como forma de acolher os colaboradores.
Materiais e equipamentos ajudam a conter o frio
Mesmo em estruturas sem isolamento acústico ou térmico, há alternativas acessíveis para minimizar o impacto do frio. Tapetes de borracha e carpete melhoram o conforto térmico nos pés, enquanto cortinas pesadas e persianas bloqueiam parte do vento. O uso de móveis de madeira, tecidos grossos e divisórias com revestimentos reforçados contribui para reduzir a dispersão do calor no ambiente.
Outro recurso comum em projetos mais recentes é o uso de placas isolantes nos forros de drywall e paredes internas, especialmente em salas de reunião e áreas de concentração. Esses materiais ajudam a manter a temperatura mais estável, especialmente quando combinados a aquecedores ou sistemas de ar quente.
Empresas com capacidade de investimento apostam na automação de temperatura, através do uso do ar-condicionado split ou a opção convencional. Essa tecnologia permite maior controle térmico do ambiente durante todo o expediente.
Iluminação pode influenciar a sensação térmica no ambiente de trabalho
Embora o impacto direto da iluminação sobre a temperatura física seja limitado, sua influência sobre a percepção térmica é significativa. Ambientes iluminados com luzes de tonalidade amarela ou âmbar são percebidos como mais acolhedores e quentes, o que contribui para o conforto subjetivo dos funcionários.
O uso de luminárias industriais com temperatura de cor controlada tem se tornado uma escolha estratégica em centros logísticos e fábricas. Esse tipo de iluminação, além de favorecer a produtividade, permite criar ambientes mais agradáveis mesmo em espaços amplos e com pouca incidência de luz solar.
A escolha da luminária e seu posicionamento também afetam a eficiência térmica. Equipamentos posicionados em pontos estratégicos, como próximo a estações de trabalho ou áreas de descanso, criam zonas visuais de conforto que ajudam a equilibrar a sensação térmica em locais de difícil aquecimento.
Conforto térmico como parte da cultura organizacional
Oferecer um ambiente confortável durante o inverno não é apenas uma questão de cuidado com a saúde dos colaboradores. A temperatura interfere diretamente na rotina de trabalho, nos níveis de produtividade e na percepção dos funcionários sobre o ambiente.
Ao adaptar os espaços e rotinas durante os dias mais frios, as empresas demonstram atenção à experiência das equipes e fortalecem a cultura organizacional. O cuidado com o conforto térmico vai além de medidas pontuais e pode se refletir em engajamento, retenção de talentos e melhor clima interno.
Mesmo com soluções simples, é possível criar ambientes mais acolhedores e silenciosos durante o inverno, contribuindo para um dia a dia mais produtivo e saudável. Quando o espaço se adapta às necessidades térmicas de quem trabalha, o frio deixa de ser um obstáculo e passa a ser apenas mais uma estação do ano a ser enfrentada com preparo.