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Educação e Carreira Domingo, 29 de Setembro de 2019, 11:54 - A | A

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Coluna Entrelinhas da Notícia

Paulo Freire: entenda por que ele é o patrono da educação brasileira

Por Débora Ramos

Da coluna Educação e Carreira
Artigo de responsabilidade do autor

Com a “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire mudou a maneira que a educação é pensada no mundo

Divulgação

ColunaEducaçãoECarreira

Paulo Freire tem uma grande influência no mundo todo quando o assunto é educação. Seu trabalho e sua teoria são estudados não apenas na faculdade de pedagogia, como também em diversos outros cursos ao redor do globo.

Para se ter uma ideia da importância de suas pesquisas para o desenvolvimento do saber, ele atualmente ocupa a 3ª posição no ranking dos pensadores mais citados em trabalhos acadêmicos. Ou seja, suas ideias têm servido de base para que muitos outros pesquisadores desenvolvam seus trabalhos.

Quem foi Paulo Freire
Alvo de sentimentos extremos por parte da nação brasileira, poucas pessoas realmente sabem quem foi Paulo Freire e qual é a importância de sua Pedagogia do Oprimido.

Freire desenvolveu uma nova maneira de educar, que se contrapunha diretamente ao método que era utilizado nas chamadas “escolas burguesas” – a “educação bancária”, que colocava o professor como dono do conhecimento e o aluno como apenas um “receptáculo” do que o professor teria a passar. Segundo Freire, isso não era o suficiente para ensinar as crianças e adolescentes a pensar.

Foi então que ele desenvolveu uma experiência de ensino a partir do mundo conhecido pelos alunos, não se restringindo apenas a crianças e adolescentes, mas alcançando também os adultos.

Através desse método, que foi nomeado “Pedagogia do Oprimido”, Freire e outros professores conseguiram ensinar 300 adultos a ler e escrever em menos de 40 horas. O fato aconteceu na pequena cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1963.

Essa metodologia se baseava em ensinar fonemas por meio de palavras que fizessem parte do dia a dia dos trabalhadores, como tijolo, cimento ou vassoura. Esse episódio, da alfabetização em massa, inspirou um Plano Nacional de Alfabetização, que, infelizmente, foi arquivado com o Golpe de 1964 e nunca mais retomado.

Pedagogia do Oprimido: o que tem de polêmico
Paulo Freire era um grande crítico da já citada “escola bancária”. Segundo ele, esse método de ensino não era apenas ineficiente – por tornar o aluno quase incapaz de aprender sozinho sobre novos assuntos –, como também era alienante. Afinal, ao estudar a partir de coisas que não pertenciam à sua realidade, o aluno não era convidado a pensar sobre a própria vida e sua subjetividade.

Freire escreveu que “os homens se educam entre si mediados pelo mundo”. Ou seja, a educação só é possível quando o mundo é levado em consideração nessa prática.

A Pedagogia do Oprimido é, portanto, uma metodologia que, ao levar em conta o contexto em que a pessoa está inserida, convida a uma autorreflexão sobre a própria realidade e as coisas que lhe atingem.

Por ser uma metodologia crítica às opressões, a Pedagogia do Oprimido e Paulo Freire foram tratados como se fossem muito subversivos pela Ditadura Militar. Ele foi obrigado a se manter exilado no Chile, logo após ter permanecido 70 dias preso. Com a anistia, Freire voltou ao país em 1979, mais de 10 anos após ter saído do Brasil.

Apesar de jamais ter tido seu projeto plenamente adotado a nível nacional, Freire é considerado o patrono da educação brasileira, pois suas ideias foram responsáveis por várias reformulações dos métodos de ensino, ainda que uma parte conservadora lute para manter a “educação bancária”.

Paulo Freire é, ainda hoje, a utopia da educação brasileira, verdadeiramente democratizada e acessível para todos.

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