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Coluna Bem-Estar

Qual é a ligação científica entre alimentação e saúde mental?

Por Thais Hott

Da coluna Bem-Estar
Artigo de responsabilidade do autor

Saiba como alguns nutrientes atuam no cérebro e quais são seus efeitos no combate a distúrbios mentais

nensuria / iStock

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As vitaminas do complexo B, presentes em alimentos como cereais integrais e vegetais verdes, são alguns dos nutrientes mais importantes para a manutenção da saúde mental. Estudos mostram que os nutrientes têm um papel essencial no funcionamento do sistema nervoso, podendo reduzir sintomas de ansiedade e até amenizar quadros depressivos.

Hoje, a ciência já reconhece que uma dieta equilibrada não afeta apenas o corpo, mas também o cérebro. Pesquisas da USP (Universidade de São Paulo) e de órgãos internacionais indicam que padrões alimentares saudáveis podem nos proteger contra quadros que prejudicam o bem-estar emocional.

Em 2017, um estudo chamado SMILES, publicado no BMC Medicine, acompanhou pacientes com depressão moderada a grave. Foi observado que aqueles que adotaram uma dieta mediterrânea (rica em grãos integrais, vegetais, peixes e azeite) tiveram uma melhora mais significativa nos sintomas, em comparação ao grupo que recebeu apenas apoio social.

Este ensaio clínico comprova, de forma prática, que mudanças alimentares estruturadas podem funcionar como complemento real ao tratamento, ampliando as perspectivas de prevenção e recuperação no campo do bem-estar emocional.

Nutrientes que influenciam o bem-estar

Diversos estudos apontam que nutrientes como ômega-3, magnésio, zinco e o já citado complexo B estão ligados à regulação da produção de neurotransmissores. A produção de serotonina, conhecida como “hormônio da felicidade”, depende de uma boa ingestão de triptofano, encontrado em leguminosas, castanhas e peixes.

O consumo regular destes alimentos, dentro de uma nutrição variada, pode contribuir para melhorar a qualidade do sono, a concentração e até reduzir episódios de irritabilidade. É por isso que profissionais de saúde defendem cada vez mais a integração entre psiquiatria e nutrição clínica, considerando a alimentação como parte do tratamento.

O papel das dietas inflamatórias

Enquanto uma alimentação saudável auxilia no equilíbrio, o oposto também é verdadeiro. Dietas ricas em ultraprocessados, excesso de açúcar e gorduras ruins estão associadas ao aumento de processos inflamatórios no corpo.

Essas inflamações têm relação direta com a piora de sintomas de distúrbios de ansiedade e depressão, conforme apontam estudos recentes publicados pela Nutrients. Isso significa que, além de medicamentos e psicoterapia, o ajuste do cardápio pode ser uma ferramenta poderosa para preservar a saúde mental.

Reduzir refrigerantes, embutidos e produtos industrializados é um passo simples, mas com grande impacto no bem-estar emocional.

Alimentação como prevenção

A conexão entre dieta e equilíbrio psicológico não se resume ao tratamento de transtornos já instalados. Pesquisas sugerem que jovens e adultos que mantêm um padrão alimentar baseado em alimentos naturais têm menor risco de desenvolver depressão ao longo da vida.

Essa prevenção ocorre porque o organismo recebe, desde cedo, nutrientes capazes de proteger células nervosas e melhorar a plasticidade cerebral. Dessa forma, a alimentação balanceada se torna uma aliada não apenas para viver mais, mas para viver melhor emocionalmente.

Além da escolha correta dos alimentos, a ciência ressalta que outros fatores potencializam os efeitos positivos da nutrição. A prática regular de exercícios físicos e a boa qualidade do sono são exemplos de hábitos que, junto de uma dieta equilibrada, contribuem para um estado mental mais estável.

Assim, o cuidado com o corpo e com a mente não pode ser fragmentado. Ao integrar saúde mental e alimentação saudável, cria-se uma rotina que fortalece tanto a integridade física quanto o equilíbrio emocional.

O segredo está na variedade. Nutrientes como complexo B, ômega-3 e minerais essenciais são importantes nas mesmas proporções. Quando falamos em uma dieta equilibrada, nos referimos a uma alimentação que respeite todos os grupos alimentares, pois cada um deles representa um benefício específico para o corpo humano.

Se, por um lado, os alimentos ultraprocessados aumentam o risco de desequilíbrio psicológico, por outro, uma nutrição adequada atua como um verdadeiro aliado terapêutico. Adotar uma alimentação saudável não é apenas uma questão estética, mas uma escolha vital para garantir bem-estar emocional e qualidade de vida em longo prazo.

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