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Saúde Terça-feira, 16 de Julho de 2013, 07:31 - A | A

Terça-feira, 16 de Julho de 2013, 07h:31 - A | A

Anestesistas ganhavam R$ 600 mil por mês atendendo ou não a Santa Casa

Ítalo Milhomem - Capital News (www.capitalnews.com.br)

A terceirização de serviços na Santa Casa de Campo Grande ocupou boa parte dos debates da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde da Assembleia Legislativa nas oitivas que ouviram os ex-interventores da Santa Casa: Antonio Lastória, Nilo Sérgio Laureano Leme e Issan Moussa.

De acordo com deputado Lauro Davi (PSB), os contratos terceirizados subiram de 14 para cerca de 80 após a administração da junta interventora da Santa Casa.

Os ex-interventores não negaram o aumento das terceirizações, porém argumentaram que foi necessário para melhoria dos serviços prestados pelo hospital.

Um dos serviços questionados foi o da Servan (Servan Anestesiologia e Tratamento de Dor de Campo Grande SS). De acordo com Lastória, a Santa Casa deixou de contratar anestesistas porque não conseguia achar trabalhadores que descem plantão por conta da tabela do SUS, que tem valores baixos e então terceirzaram o serviço.

Ele de um exemplo de anestesias de partos em que o médico recebe cerca de R$ 120 por uma cezária, cerca de 30% deste valor é a remuneração do anestesista. Como eles não achavam anestesistas para dar plantões, os interventores da Santa Casa contrataram a Servan para fornecer os serviços durante 24 horas por dia, independente da demanda de serviços. Mas para isso ela cobrava R$ 600 mil por mês prestando ou não os serviços. Isso aumentou a remuneração dos anestesistas que antes recebiam pela tabela do SUS.

Outro exemplo de terceirização desnecessária foi em relação ao aluguel de equipamentos de raio-x. O hospital gastava cerca de R$ 100 mil por mês com aluguel de aparelho segundo Nilo Sérgio. Em sete meses o mesmo aparelho, que custa cerca de R$ 700 mil seria pago.

Nilo concordou com o questionamento do deputado Onevan de Matos (PSDB), que em alguns serviços terceirizados a compra do equipamento poderia ser mais lucrativa do que a simples locação.

Os depoentes disseram que os equipamentos eram muito antigos e por isso a decisão de fazer a terceirização. Porém, para os deputados estaduais é claro que é mais viável adquirir equipamentos novos, que iriam onerar menos os cofres públicos.

“Isso é uma questão de gestão privada que não deu certo. Há uma tendência de investir recursos públicos no privado. Temos um problema de equipamentos próprios que foram e substituídos por locados, o que privilegia uma política de privatização”, esclareceu o deputado estadual Onevan de Matos.

Nilo adimitiu erros na gestão, mas garantiu que foram para melhorar os atendimentos

"Os homens que tocaram a Santa Casa, tocaram com respeito, hombridade, eu me recuso a escutar a palavra roubo, podemos ter investido errado, um pouco a mais porque valorizamos a vida e não a estrutura" comentou a justificar o deficit e falta de estrutura do hospital 

Moussa afirmou que a terceirização foi a única solução para a continuidade dos atendimentos de qualidade.

"O custo aumentou, mas a assistência melhorou muito. Quando você terceiriza é porque não tem dinheiro para comprar, não tem dinheiro para concertar. Os grandes bancos, não constroem seus prédios, eles alugam, os grande produtores não compram fazenda , eles arrendam", opinou.

Onevan criticou a comparação dos serviços públicos de saúde terceirizados.

"Há problemas na saúde do Estado, não tem UTI, um amigo meu morreu esses dias porque não aguentou esperar na fila esperando um leito. Sua colocação foi infeliz, essa comparação na serve para saúde, priprietários de bancos, de fazenda você está equivocado", pontuou o deputado.

Amarildo completou lembrando que a terceirização "é o caminho para o sumiço do dinheiro público, tem coisas que você economiza, mas a grande maioria dos servicos você economizaria sem terceirizar".

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