No final do mês de dezembro/2008, muitos produtores rurais de Mato Grosso procuraram as agências financeiras para fazer o pagamento ou até mesmo, renegociarem a dívida agrícola, que era de 40% da operação de investimento. Com a intenção de conseguir a linha de crédito que foi anunciada meados do final do ano, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), num valor correspondente a R$ 500 milhões, os produtores tiveram um dissabor. Muitas agências alegaram desconhecer a tal linha de crédito.
De acordo com o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Luciano Gonçalves, muitos produtores rurais entraram em contato com a Federação alegando o desconhecimento por parte das agencias financeiras. “Muitos produtores rurais esperavam que fossem conseguir renegociar as dívidas rurais de investimento, porém com a exigência do pagamento de 40% da parcela de 2008 e a impossibilidade de acessar a linha especial do BNDES a situação ainda permanece na mesma”, destacou.
Gonçalves destaca ainda, que a maior parte dos produtores rurais do Estado, que possui operações de investimento junto ao BNDES e FCO está em situação de inadimplência. Questionado se haveria alguma localidade do Estado em que as agências bancárias haviam alegado o desconhecimento do crédito, Luciano disse que a situação abrange todo o Mato Grosso.
Desde o último prazo lançado pelo governo (30.12.08), para que os produtores rurais repactuassem suas dívidas, vem sendo comentado a possibilidade de uma nova prorrogação das dívidas para até o dia 31 de março deste ano. Segundo o Ministro Reinhold Stephanes, muitos bancos não conseguiram operacionalizar os aditivos do contrato. Segundo o consultor da Famato, isso significa que a maioria das agências bancárias não tinha um sistema específico para corrigir os valores da dívida do produtor. “Isso fez com que boa parte dos produtores não conseguisse rever a sua situação, estando ainda, em situação de inadimplência”, explicou Gonçalves.
Para o presidente da Famato, Rui Prado, a possível prorrogação abrirá oportunidades para que o produtor consiga ajustar os seus débitos. “O que deverá favorecer o setor, é que o prazo que deve ser oficializado pelo governo (31.03), vai possibilitar que os produtores repactuem suas dívidas, haja vista que, neste período, muitos já colheram sua safra. Caso contrário, a situação de inadimplência ainda poderá permanecer”, enfatizou.
A prorrogação da dívida acaba não sendo só de interesse do setor produtivo, como também, das próprias agências financeiras. Segundo especialistas, quando os produtores não conseguem linhas de operações de financiamento (custeio ou investimento) o montante que é destinado para este fim acaba sendo devolvido para o tesouro. Os reflexos acabam apontando para a redução cada vez mais, de recursos em linha de investimento disponibilizados pelos bancos e conseqüentemente para o setor produtivo.
Cooperativas – O governo federal, por meio do Conselho Monetário Nacional (CMN), anuncia a liberação de R$ 700 milhões para financiar o capital de giro das cooperativas agrícolas. O dinheiro será liberado por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No início do ano, Stephanes tinha anunciado a destinação de R$ 2 bilhões às cooperativas para facilitar a comercialização da safra.
De acordo com Gonçalves a liberação de recursos para as cooperativas é uma alternativa que atende o produtor, mas a maioria deles (produtores) tem contratos diretos com os bancos. “Está faltando um ajuste por parte do governo”. (Fonte: Assessoria)