Atualmente, existem 3,5 bovinos para cada habitante da região, formada por nove estados (Acre, Amazonas Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). A população chega a 20,6 milhões.
No mesmo período, a expansão do rebanho bovino aumentou 33% no Brasil, saindo de 153 milhões de cabeças para 205 milhões no ano passado.
Os números fazem parte do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola, divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em todos os estados da Amazônia Legal houve crescimento do rebanho, sendo que em alguns a quantidade de bovinos praticamente triplicou.
É o caso de Rondônia, que registrava 3,9 milhões de cabeças em 1996 e chegou ao ano passado com 11,4 milhões de bovinos. No Pará a situação é semelhante: em 1996 havia 6,7 milhões de cabeças e no ano passado, 17,5 milhões.
Mesmo estados que não tinham tradição de pecuária têm registrado forte aumento na criação bovina. Caso do Acre, onde o rebanho pulou de 853 mil cabeças, em 1996, para 2,4 milhões, em 2006. Roraima, no extremo norte do país, tinha há dez anos 400 mil cabeças bovinas e atualmente tem 508 mil.No Mato Grosso, que responde por 12,7% de todo o rebanho brasileiro, o aumento percentual não foi tão expressivo, mas sim em números absolutos: passou de 20,7 milhões de cabeças em, 1996, para 23,7 milhões no ano passado.
Segundo o gerente de Pecuária do IBGE, Otávio Costa de Oliveira, a atividade tem se deslocado do Sul e Sudeste para o Centro-Oeste e o Norte do país, onde a terra é mais barata e o custo de criação é menor.
Oliveira afirma que os fazendeiros da Amazônia Legal não usam tecnologia para aumentar a produtividade da terra, por meio de manejo e adubação, preferindo expandir a área, o que afeta o meio ambiente.
“É possível aumentar a produtividade sem ter que aumentar a área. Mas a terra sendo barata, é mais lucrativo comprar novas áreas e expandir, do que investir na propriedade”.
A preservação da floresta amazônica preocupa o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Joel Naegele, que responsabiliza a falta de ação governamental na região pelos conflitos agrários e devastação do meio ambiente.
Ele diz que os fazendeiros acabam expandindo as pastagens por não terem assessorias técnicas que possibilitem aumentar a produtividade, criando mais gado no mesmo espaço de terra.
“A criação extensiva do gado [quando o rebanho vive solto no campo e não confinado] exige muita terra, que está sendo encontrada na Amazônia por causa fruto do desmatamento", diz.
O desafio, acrescenta naegele, é incentivar os proprietários rurais para explorarem melhor suas terras, com financiamento e formação adequada, por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). "Mas eu realmente não acredito que o governo vá fazer alguma coisa neste sentido”.
Para o advogado José Batista Afonso, que integra a Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a expansão da pecuária gera pressões sociais e ambientais em toda a região amazônica.
“Esse movimento vem crescendo nos últimos anos em função da pressão das monoculturas, como a soja e a cana-de-açúcar, que vêm ocupando os espaços da pecuária nos estados do Centro Oeste, Sul e Sudeste e empurrando o gado em direção à floresta”.
Segundo ele – que vive no sul do Pará, região de intensos conflitos fundiários –, esse processo tem duas conseqüências principais: o aumento da devastação da floresta amazônica e o prejuízo a povos tradicionais, como os índios, ribeirinhos, quilombolas e pescadores que vivem há séculos na região e perdem suas terras.
“A criação do gado acaba provocando a expulsão dessas pessoas, além do surgimento de muitos conflitos e situações de violência”, disse Afonso, que vê uma única saída para diminuir o problema: a contenção do avanço da pecuária na região.
“Há necessidade urgente de medidas e políticas governamentais que possam conter essa expansão violenta da criação de gado e da abertura de novas fazendas. Caso contrário, não sei até quando a Amazônia suporta.” (Com informações da Agência Brasil)
• • • • •
• Junte-se à comunidade Capital News!
Acompanhe também nas redes sociais e receba as principais notícias do MS onde estiver.
• • • • •
• Participe do jornalismo cidadão do Capital News!
Pelo Reportar News, você pode enviar sugestões, fotos, vídeos e reclamações que ajudem a melhorar nossa cidade e nosso estado.
