Campo Grande 00:00:00 Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025


Reportagem Especial Domingo, 04 de Setembro de 2011, 07:21 - A | A

Domingo, 04 de Setembro de 2011, 07h:21 - A | A

“Eu disse, quero morar no asilo. Meus filhos não creram”, diz Rosa que vive com outros 103 idosos

Alessandra Carvalho - Capital News (www.capitalnews.com.br)

“Nunca imaginei morar em um asilo, mas a primeira vez que vim aqui percebi que os idosos eram bem tratados e bem limpinhos. Cheguei em casa e disse para os meus filhos que tinha arrumado um lugar para ficar. Eles não acreditaram e deram risadas”.

O relato acima é de Rosa Ferreira, 74 anos, ao contar como foi parar no Asilo São João Bosco, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande, onde vivem outros 103 idosos.

Sua decisão, na verdade, teve as razões mais comuns entre os idosos: falta de companhia e necessidade de cuidados.

Rosa Ferreira que era dona de casa ficou viúva há mais de 20 anos quando decidiu morar na casa do filho caçula na Vila Margarida em Campo Grande.

Ela tem problemas na visão e enxerga somente com o olho esquerdo. Como o filho e a nora trabalham não tem tempo de cuidar dela. Dona Rosa decidiu ir para um asilo.

“Por causa da visão não posso ficar sozinha em casa. Depois que meu esposo faleceu eu envelheci mais rápido e veio esses problemas de visão. O meu filho sempre me liga e vem aqui me visitar”, conta.

Rosa participava de um grupo de idosos da terceira idade quando resolveu passear no asilo com os amigos.

A idosa pediu para os filhos irem até o asilo e fazerem o cadastro. “Entrei para morar e depois decidi ir para outro asilo. Fiquei dois anos e não gostei. Decidi sair de lá e fui para a casa do meu filho, como passava o dia sozinha, decidi voltar para o asilo São João Bosco”.

Ela dorme com três amigas no mesmo quarto e gosta de escutar som alto.

“Tenho várias amigas e amigos. Tem algumas que trato como uma irmã. Tem só uma que não gosto, porque é pirracenta. É só eu ligar o meu rádio e ela quer ligar o rádio dela junto. Eu aumento o volume e ela aumenta também”, reclama.

“Gosto de ficar aqui, os funcionários me tratam bem e tenho comida pronta, café da manhã. Temos festas e passeios, recebemos várias visitas”, completa.

Os sonhos de Rosa

A idosa quer aprender a ler e a escrever.

“ Gravei na cabeça as letras do meu nome R-O-S-A, ganhei essas letras e grudei na porta de uma guarda-roupa. Chegava a chorar quando era pequena para ir na escola. É tão bonito quando alguém lê e escrevi”, analisa.

Seu outro sonho é rever a filha, Marcia de Oliveira, 35 anos, que mora na cidade de Campinas/SP.

“ Na ultima vez que vi a minha filha, ela ficou brava comigo porque sai do outro asilo e fui morar na casa do meu filho caçula. Ela trocou o numero do celular quando foi trabalhar em outra cidade. Fiquei sabendo que ela iria casar. Queria que ela viesse aqui, me levar para passear e conhecer o esposo dela”, torce.

Clique na imagem para acessar a galeria

Ela mostra o quarto que divide com três amigas
Foto: Alessandra Carvalho/Capital News

Elzébio, 74 anos: “Se encontrar meus filhos, não reconhecerei”

O caseiro Elzébio Duarte Chamorro, 74 anos, morava em Miranda/MS e se separou da esposa e dos três filhos. Depois, conseguiu um novo emprego em uma fazenda de um casal de médicos.

“ Eu tomava conta de uma fazenda quando caiu um tambor em cima de mim é não podia mais fazer força. Os médicos cuidavam de mim mas os dois acabaram morrendo e fiquei desamparado”, conta.

Quando se separou da família, o idoso mentiu para a ex-esposa que tinha ido para Manaus no Amazonas.

“Um dia encontrei um amigo da minha ex-esposa é mandei recado que estava morando no asilo. Recebi uma resposta que eles não acreditavam e achavam que eu estaria morto”, relembra.

Chamorro afirma ter se acostumado com a distância da família.

“Fiquei pensando se eu encontrar os meus filhos na rua nem reconheço mais. Quando separei eles eram crianças.Faz 10 anos que não vejo os meus filhos.Nunca quis ir atrás. Já até me conformei com a situação. O casamento não dava certo e decidi largar tudo. Fui trabalhar fiquei doente e vim parar aqui”, conta

Devido o acidente no trabalho, Chamorro usa muletas. Ele disse que tem primos e sobrinhos em Campo Grande, mas não gosta de incomodar ninguém.

“Os meus vem me visitar, mas faz tempo que não aparecem. Sou um pouco sistemático e não gosto de dar trabalho para a minha família. Prefiro ficar aqui. Como tenho que ficar andando de muletas, gosto de ficar no pátio jogando baralho, conversando com os meus colegas de quarto”, relata.

Saudades do trabalho

Ele sente saudades do tempo que trabalhava. “Gosto é de laçar boi, de trabalhar, se não fosse essas dores que sinto. Estaria longe trabalhando. Mas o tempo não volta mais. O tempo passa. Todas as pessoas ficam velhas. Por isso que temos que aproveitar”, aconselha.

O idoso passa as festas de fim de ano com os filhos dos ex-patrões. “No fim do ano, vou para a casa dos filhos dos médicos ou para a casa dos meus primos. Fico no máximo 15 dias e volto para o asilo”, conta.

Todos os idosos que moram no asilo são aposentados ou pensionistas. Por lei, cerca de 70% do dinheiro é para os custeios dos idosos, os 30% restantes são depositados e guardados em uma conta poupança de cada idoso.

Clique na imagem para acessar a galeria

Há mais de dez anos que ele não tem contato com os filhos
Foto: Alessandra Carvalho/Capital News

Lotação e reforma

Segundo informações da Andréia Carvalho, 35anos, das relações públicas, o asilo está em reforma para atender outros idosos que necessitam de ajuda, mas esclarece que todas as vagas estão completas com os 104 idosos.

“ Aceitamos pessoas que queiram trabalhar de voluntários, recebemos doações de três instituições mas não é o necessário, aceitamos doações de qualquer que possa ajudar e os idosos gostam das visitas”, cita.

Ela explica que o asilo pertence a arquidiocese de Campo Grande coordenada pelo Dom Dimas Lara Barbosa.

Os idosos têm seis refeições por dia, são levados para o médico e recebe atendimento dentro do asilo. Eles têm uma vida normal e alguns freqüentam grupos da terceira idade.

Asilo

O Asilo São João Bosco foi formado por um grupo de homens com os objetivos de atender 50 idosos carentes e desamparados, liderados pelo Padre Archangelo Lanzilloti, em 31 de maio de 1923.

Em 1968, a Prefeitura Municipal de Campo Grande doou um terreno no bairro Tiradentes e com a ajuda dos comerciantes e da população inauguraram um pavilhão composto por 10 quartos.

O asilo é uma entidade de caráter beneficente, assistencial, social, filantrópica, sem fins lucrativos e desenvolve um trabalho voluntário.

O Asilo recebe ajuda de voluntários. Além dos 140 funcionários contratados entre administração, telemarketing, enfermagem, fisioterapia, farmácia, psicologia, unidade de alimentação e nutrição, assistência social, lavanderia, limpeza e serviços gerais.

Festa do Disco

No dia 05 de Novembro. O asilo promove a 1ª Festa do Disco. Com músicas dos anos, 60, 70, e 80. Cada convite custa, R$ 50, e terá direito a deliciar da mesa de frios. Os convites começam a ser vendidos á partir do dia 10 de setembro.

O Asilo fica na rua José Nogueira Vieira, 1900, no bairro Tiradentes ou atraves do telefone (67) 3345-0500 Fax: (67) 3345-0509.

Clique na imagem para acessar a galeria

O asilo está em reforma e conta com 104 idosos dividdidos em duas alas feminina e masculino
Foto: Alessandra Carvalho/Capital News


Por Alessandra Carvalho - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

O site Capital News está com seu perfil no Twitter para teste
confira em: http//www.twitter.com/CapitalNews

O site Capital News está com seu perfil no Facebook para teste
confira em: http://www.facebook.com/CapitalNews

O site Capital News está com seu perfil no Google Buzz para teste
confira em: http://www.google.com/profiles/redescapitalnews

O site Capital News está com seu perfil no Windows Live para teste
confira em: http://cid-2dc6f43d919f9f71.profile.live.com/


 • • • • •

 • REDES SOCIAIS •

Perfis
Facebook • @CapitalNews
Twitter • @CapitalNews
Instagram • @CapitalNews
 Google News • Capital News

Threads • @CapitalNews
TikTok • @capitalnews.com.br
Bluesky • @capitalnews.bsky.social
 YouTube • @CapitalNEWScombr
LinkedIn • Capital News
Telegram • @CapitalNews

Canal no WhatsApp
Capital News

• • • • •

Grupos no Facebook
• Notícias de Campo Grande e do Mato Grosso Do Sul
• Concursos em Campo Grande e Mato Grosso do Sul
• Emprego & Oportunidades - Campo Grande e Mato Grosso do Sul
• Esporte MS
• Plantão Policial MS

Canais no Telegram
• Notícias de Campo Grande e do Mato Grosso Do Sul
• Emprego & Oportunidades
• Concursos

• • • • •

REPORTAR NEWS
Whatsapp • 6730424141
Telegram • @ReportarNews

 

Comente esta notícia

Maria Wanda de oliveira 06/10/2018

Bom dia gostaria de saber o valor de morada permanente ,tenho filhos são bons todos casados ,sei que mais tarde vou tendo minhas debilitacoes e n quero dar trabalho a eles ,já tem família pra cuidarem é uma decisão minha ,poso até ajudar em cozinha comida lavar louças ,só n posso fazer peso pois tenho o braço operado quebrei os manguitos e ainda faço fisio ,mas sou lúcida e ativa me mandem resposta por favor aí vou conhecer e já ficar obrigada espero resposta urgente , só acerto as coisas aqui e vou obrigada!

positivo
0
negativo
0

Noemia 24/01/2018

Eu não tenho filhos .também não quero ter o que faço quando eu ficar velha e não dá conta de cuidar de mim, quero morar no asilo.

positivo
0
negativo
0

Mirtes Lourenço Camilo 22/11/2016

Eu tambem quero morar no asilo, quando estiver com 65 anos

positivo
0
negativo
0

irineu 30/07/2014

Eu ja morei nesta casa é muito boa me sentia em casa.gostaria de voltar e levar junto minha esposa,por favor me responda como faço para poder voltar ,ñ quero que apareça esse meu pedido. obrigado . abraços

positivo
0
negativo
0

Neusa 09/01/2013

meu caso é igual o da senhora acima, gostaria de morar em um asilo aqui em Campo Grande MS. gostaria de poder ajudar no que fosse nescessario tenho 57 anos . Aguardo resposta , obrigado . abraços

positivo
0
negativo
0

5 comentários


Reportagem Especial LEIA MAIS