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Reportagem Especial Domingo, 31 de Dezembro de 2023, 09:34 - A | A

Domingo, 31 de Dezembro de 2023, 09h:34 - A | A

Reportagem Especial

Autismo e os fogos de artifício

Especialista da dicas de como integrar uma criança com TEA no ano novo

Renata Portela
Especial para o Capital News

Acervo Pessoal

Autismo e o fogos de artifício

Saymon usa abafadores para amenizar as crises causadas pelos ruídos

Por favor não usem fogos de artifícios com barulhos. Nós autistas, agradecemos

“Por favor não usem fogos de artifícios com barulhos. Nós autistas, agradecemos”, o apelo é feito pelo Saymon Amorim, um menino de 8 anos. O pequeno é autista suporte nível 1 e tem sensibilidade sensorial, ou seja, qualquer estímulo de som que para uma pessoa comum é normal, para ele, gera um desconforto muito grande, essa situação acaba sendo presente no final do ano.

Embora um projeto de Lei Complementar 718/20, proíba a queima e soltura de fogos de artifícios com efeitos sonoros muita gente ainda não cumpre a legislação. A mãe do garoto, a auxiliar de vendas digitais de 34 anos Cristiane Antonio de Melo diz que nesta época de festa e muito complicado sair de casa com o filho. “Os estampidos desencadeiam várias crises em Saymon que acabam impedindo a gente de sair de casa. Os fogos prejudicam os ouvidos dele causando incômodos, dores de cabeça e irritação”, detalha.

Para amenizar, a mãe lançou mão de abafadores, que, segundo especialistas, pode melhorar a capacidade deles se comunicarem e interagirem com o ambiente ao seu redor.

Acervo Pessoal

As festas de final de ano e o autismo

Ketilly Gomes

A psicóloga clínica e escolar, especialista em Psicologia da Saúde e Gestão estratégica em Educação Básica (FIOCRUZ) e também Mestre em Saúde e Desenvolvimento (UFMS) Kétilly Gomes explica que se os pais já sabem que os sons têm grande chance de trazer desconforto ao filho, a primeira medida é tentar amenizá-los. “Busquem um local que seja menos barulhento”.

Protetores e abafadores de ouvido também podem ser usados como estratégia para diminuir a entrada de estímulos aversivos.

É fundamental que o adulto passe segurança à criança com autismo. “Se mantenha calmo, mesmo que ela se agite. Fique próximo, dê um abraço ou pegue no colo, caso ela aceite”, acrescenta.

Ela fala ainda que uma das formas de ajudar as crianças neste período é explicar para ela onde estará indo e quais comportamentos sociais espera dele. explicando: “Hoje vamos para a casa da vovó participar de uma festa”.

Além disso, ela destaca a importância de usar reforços positivos. Pode ser o brinquedo favorito da criança ou uma atividade que ela goste.

Acervo Pessoal

Autismo e o fogos de artifício

O pequeno é autista suporte nível 1 e tem sensibilidade sensorial

Se mesmo assim a criança entrar em crise, a psicóloga explica que, a criança deve ser direcionada a um lugar calmo e seguro, afim de que ela possa se acalmar. “Aguarde até que ela se acalme e, quando isso acontecer, engaje-a em uma atividade ou tarefa alternativa até ela demonstrar cooperação. Disponibilize reforçadores sociais à vontade e faça muitos elogios para os comportamentos de cooperação”, detalha.

Ela acrescenta que é importante entender que o cérebro do autista funciona diferente, por isso abrace, diga-o que não está sozinho, que se importa com seus sentimentos. Os autistas tem um afeto incrível e um amor profundo, são tão capazes como nós de compreender os sentimentos.

 

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