O Governo Federal segue confiante na retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) em Três Lagoas (MS), mesmo sem uma data exata para o reinício dos trabalhos. Paralisada há mais de seis anos, a construção da fábrica tem 80% das estruturas concluídas, mas ainda exige cerca de US$ 800 milhões para ser finalizada.
O processo licitatório — iniciado meses atrás — continua em andamento e pode se estender até o primeiro trimestre de 2026, segundo confirmou a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante evento na Câmara de Campo Grande nesta semana.
“Houve um pedido das empresas, que são vários lotes, [por] um prazo maior para apresentar propostas na licitação, diante da instabilidade mundial. A previsão é de finalizar as propostas em agosto, mas isso pode ocorrer até março”, afirmou Tebet.
No mesmo evento, o governador Eduardo Riedel (PSDB) de Mato Grosso do Sul, também destacou a importância da UFN3 para a economia regional e nacional. “Estamos falando de uma planta que pode suprir até 15% da demanda brasileira por fertilizantes nitrogenados. Isso atrai investimento em logística, cria empregos e fortalece o agronegócio do país”, disse.
A decisão de retomar o projeto foi anunciada em outubro de 2023, como parte de um esforço do governo federal para fortalecer a produção nacional de fertilizantes — setor estratégico especialmente após os impactos globais causados por conflitos internacionais e instabilidade de fornecedores.
Izaias Medeiros/Câmara de Campo Grande

Ministra Simone Tebet e Governador Riedel ao lado do Presidente da Câmara, Vereador Papy durante evento em Campo Grande falando sobre a retomada das Obras na UNF3
Obra interrompida em 2014
Esse projeto da UNF3 é a maior obra paralisada no Brasil do segmento. Anunciada como a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, a obra foi interrompida em 2014, quando estava 80% concluída.
O projeto original da UFN3 prevê a produção diária de 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia, a partir do uso de 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Esses números colocam a unidade como a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, com potencial para reduzir significativamente a dependência do Brasil na importação desses insumos.
A conclusão da UFN3 é vista como uma prioridade estratégica para o Brasil, tanto para garantir autonomia no abastecimento de fertilizantes quanto para impulsionar o desenvolvimento industrial do Centro-Oeste e fortalecer o agronegócio brasileiro.
Em nota, a Petrobras, responsável pelo empreendimento, informou que a entrada em operação da UFN3 está prevista para 2028.
A retomada da fábrica é considerada uma das maiores apostas para impulsionar a indústria em Mato Grosso do Sul e reduzir a dependência externa do Brasil na produção de fertilizantes, essenciais para o agronegócio.