Após investigações que duraram três meses, a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (GARRAS ) afirmou nesta quinta-feira (29) que o ex-vereador de Campo Grande, Alceu Bueno foi morto por latrocínio. O corpo de Bueno foi encontrado carbonizado no dia 21 de setembro deste ano, na região do Parque dos Poderes.
O caso foi divulgado em coletiva de imprensa pelo secretário estadual de segurança pública José Carlos Barbosa, o Delegado-Geral Adjunto da Policia Civil, Antonio Costa Mayer, e os Delegados Fábio Peró e Edilson Santos.
A Operação “Free Lander” apontou que o crime foi de roubo seguido de morte, e após, houve a ocultação de cadáver. Os responsáveis são o autônomo Elpidio Cesar Macena do Amaral, 26, o pedreiro Josian Edson Cuando Macena, 21, que é sobrinho de Elpídio e a dona de casa, Katia de Almeida Rocha, 24. A Garras chegou à conclusão após ter verificado que o trio tentou vender o carro utilizado por Bueno na noite do assassinato em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.
Conforme apurado pela Polícia, Bueno conheceu Katia em um grupo do whatsApp. Elpídio, amante dela, ficou com ciúmes. Assim, o crime teria sido inicialmente passional. No entanto, em um encontro com o ex-vereador, já com a intenção de matar, Bueno não quis entrar na casa e foram para uma lanchonete. Foi quando Katia percebeu que ele portava dois maços com notas de R$ 100, o que motivou a realização do crime.
Após, os dois homens solicitaram à dona de casa que agendasse um novo encontro com o ex-vereador, já com a intenção de matar e roubar. Na noite do dia 20 de setembro, Bueno voltou à casa de Katia, e, quando estava na cama, ela saiu e sinalizou a Elpídio e Josian, que entraram com um martelo e uma “tábua de bater carne”, conforme o delegado Edilson Santos.
Como o ex-vereador agonizava, eles decidiram enforcá-lo com a alça de uma bolsa. Depois, seguiram até o bairro Jardim Veraneio, local que era conhecido por Josian, e queimaram o corpo com a intenção de ocultá-lo.
“A motivação começou por ciúmes por conta de um assédio de Alceu com a Kátia. A idéia era dar uma ‘repremenda’, mas quando souberam, que ele tinha dinheiro resolveram roubar”, declarou o delegado Edilson Santos.
Depois do assassinato, o trio seguiu para Ponta Porã no carro de Bueno com a intenção de vender o veículo. No entanto, como a repercussão da morte foi grande, eles não encontraram compradores e queimaram o carro. Foi encontrado no quarto de Kátia um papelão embaixo do colchão de casal com manchas de sangue
Conforme a polícia, não houve contradição nos depoimentos dos criminosos. O delegado tem até 10 dias para encerrar o inquérito.
O delegado Edilson dos Santos afirmou que a polícia recebeu uma denúncia de que um casal estava tentando vender o carro em Ponta Porã no mesmo dia do crime. A polícia foi até a cidade e conseguiu com o telefone do casal.
Os dois voltaram de ônibus para Campo Grande, e os investigadores foram até a empresa transportadora e solicitaram as passagens vendidas no dia. Pelo número do telefone, a investigação conseguiu identificar os suspeitos.
A polícia descobriu que Kátia, Elpídio e Josian estiveram na mesma hora, no dia do crime, no local onde o corpo foi incendiado. Desde então passou a monitorar as ações do trio. Na última semana foi expedida a prisão temporária dos três para colhimento dos depoimentos e na quarta-feira (28) saiu a solicitação de prisão preventiva. Na quinta-feira (29), foi realizada a reconstituição do crime.
Relembre o caso
No dia 21 de setembro, um morador da região do Parque dos Poderes avistou uma fumaça e ao se aproximar viu que era um corpo. Conforme uma série de indícios os policiais desconfiaram que era de Alceu Bueno.
O ex-vereador renunciou ao mandato no fim de abril de 2015. Ele virou réu em um escândalo de exploração sexual em Campo Grande. Bueno foi filmado mantendo relações sexuais com uma adolescente, supostamente mediante pagamento em dinheiro, em um esquema que também envolveria extorsão divulgado nacionalmente.
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