A organização criminosa responsável por invadir o quartel da Polícia Militar e explodir o confre de um agência bancária no último dia 30 de novembro em Antônio João, distante a 375 quilometros de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai foi desmantelada pela polícia. Dentro do grupo, integrantes brasileiros dos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina e paraguaios tinham cargos hierárquicos e até um financiador. O bando agia agressivamente em assaltos premeditados à agência bancárias de municípios do interior do país, e chegou a agir também nas cidades paraguaias de Rosário, São Cristovão e Cidade Del Leste. A maioria dos ladrões que assaltaram o banco em Antônio João também tiveram participação no roubo de agência bancária de Aral Moreira, ocorrido no ano passado,onde R$ 290 mil foram levados.
Hoje (10) pela manhã, a Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras) apresentou cinco membros da organização.Valdecy José de Araújo, conhecido como Velho, de 47 anos, José Rodrigo Halke Domingues, chamado de Luty, de 28 anos, Fábio Wilhans Rodrigues, o Piroca, de 33 anos, Ronaldo de Almeira Cardoso, conhecido como Negão do PCC e Bruno Alberto de Souza, chamado de Bruninho, de 22 anos, estão presos na sede do Garras. A Polícia ainda busca outros dois foragidos, e deve trazer para Campo Grande o ladrão responsável por explodir o cofre do banco, Mauri Nunes, conhecido como Poconé, que está preso na Polícia Federal de Ponta Porã. O cabo da Polícia Militar lotado no pelotão de Antônio João, Márcio Rodrigues, acusado de repassar informações privilegiadas para a quadrilha e ter cedido um rádio HT para os assaltantes também foi detido. A PM investigará o envolvimento do cabo com a quadrilha e o militar poderá ser expulso da corporação. Segundo a Polícia Civil, o pm nega ter participado do roubo, porém o grupo que foi preso informou que ele participou de algumas reuniões antes do roubo e teria marcado o dia para o assalto ser realizado.

Da esquerda pra direita estão: Valdecy, José Rodrigo, Ronaldo de Almeida, Fábio Wilhans e Bruno Alberto
Foto: Juliana Rezende/CapitalNews
Dos integrantes da organização, Valdecy, o chefe da quadrilha, era o responsável pelo levantamento do local dos roubos e contenção armada; ele também utilizava documentos falsos e inicialmente apresentou à polícia uma carteira com o nome de Alexandre da Silva Araújo . A Polícia Civil informou que ele possui mais de 14 mandados de prisão em aberto. O delegado titular do Garras, Alberto Vieira Rossi, explicou que o financiador do grupo, Fábio Wilhans, chegou a desembolsar R$ 15 mil para organizar o roubo da agência em Antônio João. Com ele os policias encontraram duas pistolas de nove milímetros e uma carabina 44. O mais jovem do grupo, Bruno Alberto, possuia mandado de prisão em expedido pelo Estado de Santa Catarina e responderá pelos crimes de organização criminosa, roubo, porte de arma de uso restrito e falsidade ideológica.
"Todos a princípio foram autuados pelo crime de organização criminosa e agora cada um vai responder por suas participações nas demais ocorrências. Todos os apresentados aqui participaram do roubo em Antônio João, em Aral Moreira a maioria teve participação. Agora com o desenrolar das investigação vai ficar definido a participação de cada um", resumiu Rossi.

Delegado afirmou que bandidos se dividiam entre Paraguai e Brasil
Foto: Reginaldo Coelho/Capital News
Novo Cangaço
O delegado Alberto Vieira Rossi acredita que a organização tenha cerca de 13 membros e detalhou que a forma com que os ladrões agiram se assemelha ao "novo cangaço", onde os assaltantes possuem perfil extremamente violento e usam reféns para formar um escudo humano. Em Antõnio João,dois policiais militares foram rendidos ainda no quartel da cidade e permaneceram algemados dentro da viatura da PM enquanto o bando assaltava a agência.
O roubo foi frustrado após o alarme da agência disparar e a Polícia Civil chegar no local.