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Três poderes, um só problema: quem paga é o povo

Por Antonio Tuccilio*

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Enquanto a sociedade brasileira enfrenta dificuldades reais no dia a dia — com transporte precário, escolas sucateadas e filas no sistema de saúde — os três poderes da República parecem alheios às prioridades do país.

No Executivo, o discurso de responsabilidade fiscal é frequentemente substituído pela pressa em gastar. Cortes importantes em áreas sociais são anunciados, mas novos impostos surgem sem cessar. Primeiro se impõe uma taxa, depois se promete substituí-la por outra mais “justa”. O resultado? Uma das maiores cargas tributárias do mundo, sem a devida contrapartida em serviços públicos de qualidade.

No Legislativo, o foco tem sido as chamadas emendas parlamentares. Só em 2024, o Congresso Nacional ampliou seu poder sobre o Orçamento da União, controlando mais de R$ 50 bilhões. Trata-se de um valor maior do que o orçamento de muitos ministérios. Essa prática, longe de ser um problema pontual, transformou-se em um instrumento de barganha política e autopromoção — desconectada das reais demandas da população.

E o Judiciário? Esse parece habitar uma realidade paralela. Enquanto juízes, procuradores e ministros mantêm seus “supersalários” — frequentemente acima do teto constitucional — a sociedade precisa lutar por reajustes salariais que mal cobrem a inflação. Qualquer tentativa de reequilibrar esse cenário esbarra em decisões que garantem privilégios e perpetuam desigualdades.

O desequilíbrio entre os poderes tem nome: distanciamento da realidade. E quem paga a conta é o cidadão comum.

Se há algo que os três poderes têm em comum, infelizmente, é a dificuldade em cortar na própria carne. Quando há necessidade de ajuste, a solução raramente passa por dentro do próprio sistema — mas sim pelo bolso da população. Fala-se em tributar os mais ricos, mas o efeito colateral recai sempre sobre os mais pobres, com aumento do custo de vida, inflação e perda de qualidade nos serviços.

O Brasil precisa urgentemente de um pacto por mais responsabilidade pública e menos interesses corporativos. Governar é, acima de tudo, servir — e não se servir.

A Confederação Nacional dos Servidores Públicos segue atenta e mobilizada por um país mais justo, onde o dinheiro público volte a ser, de fato, público.


*Antonio Tuccilio
Presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos

 

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