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Opinião Quarta-feira, 16 de Agosto de 2017, 07:00 - A | A

Quarta-feira, 16 de Agosto de 2017, 07h:00 - A | A

Opinião

Pós pai

Por Francisco Habermann*

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Penso que na vida a gente faz um ingresso, uma graduação, uma vivência e, depois, uma pós vivência, aprendendo sempre. Tudo aqui mesmo, na experiência terrena. Estou interessado na fase pós aprendizado  e conto um caso que aconteceu recentemente.

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Francisco Habermann - Artigo

Francisco Habermann

 

Aquele pai era a referência, ele sabia tudo, tinha força e inspiração para o trabalho, para o comando e socorro de tudo. Os filhos o adoravam e, junto com a mãe, tudo faziam para ajudar e tornar alegre a vida em casa. Um dia o pai adoeceu. Dos quatro filhos, a caçula foi a que mais sentiu e foi falar com a mãe.

Quando a mãe percebeu que teria de contar a verdade sobre a saúde do pai, titubeou. Resolveu amenizar a descrição e expandiu-a para as esperanças de vida. A menina entendeu e foi procurar o pai que estava na sala. Antes, passou no quarto  e com uns pinceis e tinta colorida pintou seus braços.  Foi à sala e abraçou o pai pelo pescoço. O desenho nos braços simulava um cachecol. Foi um afago tão emocionante para o pai que este desmaiou. Levado de urgência ao hospital teve melhora rápida mas ficou lá internado para observação médica. Aí aconteceram as visitas dos filhos surpresos.

Ao recebê-los, o pai chamou a filha e disse: “Filha querida, já sarei dos meus males – os médicos confirmaram que o remédio foi o seu abraço”. Todos se surpreenderam, pois aquele  gesto dela é que parecia ter sido a causa do súbito distúrbio. “Embora o choque da emoção da primeira dose tenha me trazido ao hospital momentaneamente”, afirmou o pai, “o seu remédio é o que me faltava. Aprendi hoje uma importante lição. Foram gotas de amor, filha.”  E declamou para os filhos presentes o verso de Casimiro Cunha ( Gotas de Luz – FCX, 1953 ):

 

“Nas lições da vida inteira,
Sê firme, animado e forte.
Quem desiste de aprender
Começa a buscar a morte”.

 

Todos se emocionaram. No mesmo dia o pai teve alta. Ele havia acabado de cursar o pós pai. Mais tarde, a filha escreveu sua tese de mestrado: ‘Terapêutica do amor – o medicamento que cura”. Foi aprovada com louvor na universidade da vida.

 

 

*Francisco Habermann

Professor da FMB-UNESP e Membro correspondente da A.B.L. – Botucatu-SP. Contato: [email protected]

 

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