Kansha

A cultura japonesa é extremamente rica, compreendendo peremptóriamente uma filosofia milenar, que segue um viés de responsabilidade pela qualidade de vida, sabedoria e inovação. Kansha, refere-se  ao cultivo e incremento do sentimento de gratidão, de forma sincera, tanto em relação aos outros quanto a si mesmo e ao universo. Trata-se de fazer aquilo em que se acredita, ajudar os outros e permitir ser ajudado. Mormente, a gratidão, o reconhecimento e o valor da amizade, são pontos muito importantes para os japoneses.

Divulgação

Rosildo Barcellos

Realmente, é uma questão de mostrar satisfação sincera, uma palavra, um bilhete, uma mensagem ou um sorriso podem valer muito. Nesse ponto já nos trazem um grande ensinamento em relação à forma com que vivem cercados de tecnologia e, ainda assim, dão um gigantesco valor às tradições antigas, principalmente relacionadas à saúde e manutenção da vitalidade. Por outro lado, o Dia da Imigração Japonesa ou Dia Nacional da Imigração Japonesa é comemorado em 18 de junho.Oficialmente, o Dia Nacional da Imigração Japonesa foi instituído no Brasil através da Lei nº 11.142, de 25 de julho de 2005. A imigração japonesa começou no início do século XX, como um acordo entre o governo japonês e o brasileiro, uma vez que o Japão vivia uma série crise econômica. Por outro lado, o Brasil necessitava de mão de obra para a lavoura do café.

A imigração japonesa no Brasil tem como marco inicial a chegada do navio Kasato Maru, em Santos, no dia 18 de junho de 1908. Do porto de Kobe a embarcação trouxe, numa viagem de 52 dias, os 781 primeiros imigrantes vinculados ao acordo imigratório estabelecido entre Brasil e Japão, além de 12 passageiros independentes. Embora o Japão tenha enviado seus primeiros imigrantes ao Brasil em 1908, os primeiros japoneses a pisar em solo brasileiro foram quatro tripulantes do barco Wakamiya Maru, que, em 1803, afundou na costa japonesa. Os náufragos foram salvos por um navio de guerra russo que, mesmo não podendo desviar-se de sua rota, levou-os em sua viagem. No retorno, a embarcação aportou, para conserto, em Porto de Desterro, atual Florianópolis (SC), no dia 20 de dezembro, permanecendo até 4 de fevereiro de 1804. Ali, os quatro japoneses fizeram registros importantes da vida da população local e da produção agrícola da época. o Brasil possui a maior colônia japonesa fora do Japão, sendo Mato Grosso do Sul o terceiro estado em número de descendentes.

Certamente, os japoneses fazem parte da história do nosso país, e os que conheço e são de meu convívio; aonde cito, Caio Cesar Pereira de Moura kai, que de origem humilde, oriundo do subúrbio da Capital de Mato Grosso do Sul, ingressei em 2012 na Universidade Anhanguera Uniderp, como aluno bolsista, conquistando o objetivo de vida, cursar Direito. Formando-se em 2016 e em março de 2018 passou a  integrar a Comissão da Jovem Advocacia do Estado de Mato Grosso do Sul, da OAB. Hoje Pós-graduado em Direito Público é um dos exemplos que posso citar pela seriedade, sobriedade, respeito e ordem com que tratam as questões do trabalho e  família, típicos de uma descendência nipônica. Outrossim, é cediço que a primeira leva de imigrantes japoneses chegou ao Brasil, no navio Kasato Maru, além de bagagem, os recém-chegados traziam a coragem para recomeçar a vida, em um país repleto de terras produtivas e longe das tensões sociais e óbices que o Japão enfrentava na época. Em nosso rincão fomos caminhando, entre tradições e sabores, até que o sobá ganhou gosto em terras pantaneiras. A combinação de macarrão, omelete, carne de porco, cebolinha e um caldo com temperos típicos foi trazida na década de 50, por Eiho Tomoyohe e, em 2006, virou patrimônio histórico e cultural de Campo Grande.

*Rosildo Barcellos
Articulista

• • • • •