A Polícia Federal apreendeu cerca de 140 canetas emagrecedoras nesta quinta-feira (19), durante fiscalização no Aeroporto Internacional de Ponta Porã. O material, contendo a substância retatrutida, ainda em fase experimental, estava na bagagem de um passageiro que não apresentou prescrição médica nem registro na Anvisa. Ele foi encaminhado à delegacia para os devidos procedimentos.
A retatrutida é um medicamento voltado ao tratamento da obesidade e diabetes tipo 2, mas ainda está em fase de pesquisa. De acordo com a Anvisa, o uso da substância no Brasil não está autorizado, o que motivou a apreensão. A agência já havia determinado, em abril, novas regras para o controle da prescrição de medicamentos conhecidos como agonistas GLP-1, grupo ao qual pertencem as chamadas “canetas emagrecedoras”.
Segundo a Anvisa, a prescrição agora precisa ser feita em duas vias, com retenção da receita pela farmácia e validade de 90 dias. A medida visa evitar o uso indiscriminado e proteger a saúde dos pacientes. “Estamos falando de medicamentos novos, cujo perfil de segurança a longo prazo ainda não é totalmente conhecido”, alertou Rômison Mota, diretor-presidente substituto da agência.
O uso estético desses fármacos, sem indicação médica, tem gerado aumento no número de eventos adversos no Brasil. A prática de uso "off label" — quando o médico prescreve para fins diferentes dos autorizados — continua permitida, mas deve ser sempre acompanhada por profissional habilitado, com o devido esclarecimento ao paciente.
Recentemente, a Anvisa aprovou o medicamento Mounjaro, inicialmente usado contra a diabetes tipo 2, também para tratamento da obesidade. O remédio já era amplamente utilizado fora da bula para perda de peso, e agora passa a integrar a lista de substâncias controladas que devem ser registradas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).