O Dia do Trabalho é uma oportunidade valiosa para refletirmos sobre como avançar rumo a um mercado mais justo, inclusivo e produtivo. No setor de eventos — que representa mais de 4% do PIB nacional e gera cerca de 8,5 milhões de empregos — a realidade dos trabalhadores ainda está distante da formalização plena, principalmente entre prestadores de serviços e profissionais autônomos.
Diante desse cenário, a formalização por meio do regime do Microempreendedor Individual (MEI) tem se mostrado uma alternativa viável, acessível e digna para milhares de profissionais da cadeia de eventos. A simplicidade do modelo, aliada à possibilidade de emissão de nota fiscal, acesso à previdência e autonomia para contratação, transforma o MEI em um instrumento poderoso de inclusão produtiva e cidadania econômica.
O Brasil tem feito avanços importantes nesse campo. Ferramentas digitais lançadas pelo Governo Federal, como aplicativos que facilitam o registro, emissão de notas e regularização fiscal do MEI, vêm promovendo um ambiente mais favorável à adesão e ao crescimento de pequenos empreendedores. A ABRAFESTA reconhece e apoia esses esforços.
No entanto, há ainda uma lacuna importante: diversas ocupações centrais no setor de eventos — como carregador, montador, garçons, bartender, técnico de luz — ainda não estão contempladas na lista de atividades permitidas para o MEI. Com isso, milhões de trabalhadores continuam à margem da formalização, muitas vezes optando pela informalidade por não verem alternativas compatíveis com sua realidade profissional.
O setor de eventos se caracteriza por sua natureza dinâmica e sazonal, com atividades que se intensificam em determinados períodos do ano, acompanhando festas, datas comemorativas, feiras e grandes encontros corporativos. A demanda varia conforme o calendário, o perfil do público e as condições do mercado, exigindo que as condições de contratação precisam ser, necessariamente, flexíveis e de rápida adaptação aos profissionais e empresas do setor.
A ABRAFESTA acredita que o futuro das relações de trabalho no setor de eventos passa pela valorização da autonomia profissional com dignidade. Ao lado do governo, do Congresso Nacional e da sociedade civil, estamos prontos para construir soluções reais, sustentáveis e inclusivas.
Neste 1º de Maio, propomos um passo adiante: ampliar o acesso ao MEI para que milhares de trabalhadores essenciais, hoje invisíveis, passem a contar com os direitos, a segurança e o reconhecimento que merecem.
Porque trabalho digno também se constrói com flexibilidade, inclusão e respeito à diversidade de trajetórias.
*Ricardo Dias
Presidente da ABRAFESTA (Associação Brasileira de Eventos)
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