Terça-feira, 07 de Maio de 2024


Nacional Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2016, 07:49 - A | A

Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2016, 07h:49 - A | A

Demissão

Assessor de Temer pede demissão após ter nome citado em delação na Operação Lava-Jato

Ex-vice da Odebrecht alegou que empreiteira entregou R$ 4 milhões no escritório de advocacia de José Yunes em São Paulo.

Flavia Andrade
Capital News

Romério Cunha

Palácio do Planalto

Palácio do Planalto, em Brasília

José Yunes entregou carta solicitando demissão do cargo nesta quarta-feira (14), conforme conteúdo da carta, o pedido foi realizado para preservar sua “dignidade”. De acordo com a delação realizada pelo ex-vice presidente da Odebrecht, Claudio Melo Filho, a empreiteira realizou entrega de R$ 4 milhões no escritório de José Yunes, em São Paulo.


Leia carta na íntegra:

“Caro Presidente

Movido pelo alto interesse em dedicar meu tempo à causa da Nação, depois de ter vivido fértil passagem pela vida político-partidária, nas jornadas cívicas das décadas de 70/80, aceitei convite de Vossa Excelência para assessorá-lo no Planalto, oportunidade em que passei a conviver com experientes e altos quadros do seu Governo.

Seria uma honra ajudar o amigo de 50 anos a colocar o país nos trilhos, após a hecatombe que arrasou a economia, proporcionando a maior recessão de toda a história, jogando milhões de pessoas nas ondas perversas do desemprego, minando a confiança de brasileiras e brasileiros de todas as classes em governantes e instituições.

Nos últimos dias, Senhor Presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço com quem nunca travei o mínimo relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento, nos meios de comunicação, baseada em sua fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB.

Repilo com a força de minha indignação essa ignominiosa versão. Como advogado e pai de família, que zela pelo dever de agir como cidadão sob os valores da honra e do zelo pela expressão da verdade, em respeito à minha família aos amigos e aos concidadãos, não posso ver meu nome enxovalhado por irresponsáveis denúncias de figurantes com quem nunca tive qualquer contato direto ou por terceiros.

Para preservar minha dignidade e manter acesa a chama cívica que me faz acreditar nos imensos potenciais de meu país declino, Senhor Presidente, do honroso cargo de assessor da Presidência, sem, porém, abdicar da admiração e da amizade que nos une desde os heróicos tempos nas Arcadas do Largo de São Francisco.

Tenha em mim o leal amigo que o acompanha há décadas e que o admira por suas incomparáveis qualidades, entre as quais, o equilíbrio, a capacidade de harmonizar os contrários, a sapiência, o respeito pelo outro, a determinação de fazer as grandes reformas que o país exige e a vontade férrea de pacificar a Nação.”

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS