José Yunes entregou carta solicitando demissão do cargo nesta quarta-feira (14), conforme conteúdo da carta, o pedido foi realizado para preservar sua “dignidade”. De acordo com a delação realizada pelo ex-vice presidente da Odebrecht, Claudio Melo Filho, a empreiteira realizou entrega de R$ 4 milhões no escritório de José Yunes, em São Paulo.
Leia carta na íntegra:
“Caro Presidente
Movido pelo alto interesse em dedicar meu tempo à causa da Nação, depois de ter vivido fértil passagem pela vida político-partidária, nas jornadas cívicas das décadas de 70/80, aceitei convite de Vossa Excelência para assessorá-lo no Planalto, oportunidade em que passei a conviver com experientes e altos quadros do seu Governo.
Seria uma honra ajudar o amigo de 50 anos a colocar o país nos trilhos, após a hecatombe que arrasou a economia, proporcionando a maior recessão de toda a história, jogando milhões de pessoas nas ondas perversas do desemprego, minando a confiança de brasileiras e brasileiros de todas as classes em governantes e instituições.
Nos últimos dias, Senhor Presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço com quem nunca travei o mínimo relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento, nos meios de comunicação, baseada em sua fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB.
Repilo com a força de minha indignação essa ignominiosa versão. Como advogado e pai de família, que zela pelo dever de agir como cidadão sob os valores da honra e do zelo pela expressão da verdade, em respeito à minha família aos amigos e aos concidadãos, não posso ver meu nome enxovalhado por irresponsáveis denúncias de figurantes com quem nunca tive qualquer contato direto ou por terceiros.
Para preservar minha dignidade e manter acesa a chama cívica que me faz acreditar nos imensos potenciais de meu país declino, Senhor Presidente, do honroso cargo de assessor da Presidência, sem, porém, abdicar da admiração e da amizade que nos une desde os heróicos tempos nas Arcadas do Largo de São Francisco.
Tenha em mim o leal amigo que o acompanha há décadas e que o admira por suas incomparáveis qualidades, entre as quais, o equilíbrio, a capacidade de harmonizar os contrários, a sapiência, o respeito pelo outro, a determinação de fazer as grandes reformas que o país exige e a vontade férrea de pacificar a Nação.”