Rubinho Barrichello disse, em entrevista ao "Fantástico", que espera poder continuar pilotando. Sem medir palavras, o brasileiro também comentou sobre as diferenças de tratamento entre ele e o Schumacher na Ferrari e revelou os detalhes dos bastidores da polêmica ultrapassagem do alemão no GP da Áustria, em 2002. Sobre Bruno Senna, com quem disputa uma vaga na Honda para 2009, Rubinho afirmou que não é a hora dele dar "um passo maior que as pernas". Acompanhe alguns destaques da entrevista do piloto para a repórter Patrícia Poeta.
Áustria 2002
Foi a oito voltas para o final da corrida que começou aquela conversa. Falaram: “Você sabe o que Michael está atrás. Para o campeonato é importante”. Foi aumentando a conversa até chegar a um ponto, que eu entrei na última volta muito indeciso. As pessoas me perguntam: “Por que na última curva?” Porque eu entrei na penúltima curva decidido a não deixar ele passar. Mas tinha um preferido lá dentro, não tinha jeito. Eles falaram que eu deveria repensar no meu contrato. Aquilo para mim foi uma ordem: “Melhor você tirar o pé ou você vai acabar sendo mandando embora”.
Aí eu mandei perguntar para o Schumacher se era isso mesmo que ele queria, porque eu achava tão injusto fazer aquilo na frente de todo mundo. Eu queria saber se ele estava ciente daquilo ou não. Eles me disseram que não cabia a ele decidir ou não. Mas eu tenho os papéis em casa com todas as falas e ele tava ciente de tudo aquilo que estava acontecendo.
Relação com o Schumacher
A minha relação com ele hoje em dia e na época sempre foi boa. Porque eu sempre quis que fosse boa. É lá dentro que o cara modifica.
Frustrações
Eu sempre almejei ter a igualdade dentro do carro e, quem for melhor, ganha. Na minha visão, é desse jeito que tem que ser o mundo. Você não precisa ter uma coisinha a mais para ganhar. É dessa forma que eu encaro as pessoas que duvidam que eu seria campeão do mundo. Não tenha dúvida que o Schumacher era mais rápido do que eu. Mas nos momento em que eu ia sobressair, acabava sendo freado.
Disputa com Bruno Senna
A minha opinião é que não é o momento certo dele entrar na Fórmula 1, numa Honda ou até em qualquer outra equipe. A Fórmula 1 hoje em dia se você não conseguir explodir logo de cara, vão te explodir. Com certeza ele deve ter um talento acima do normal. Eu acho que não existe ninguém na história do automobilismo que com três anos de experiência tenha chegado na Fórmula 1. Mas querer dar um passo maior que a perna, na minha opinião, é o momento errado.
Futuro
Eu quero muito guiar. Eu acho que eu ainda tenho muito gás, muita velocidade, muita vontade de guiar. Mas, se eu não guiar, eu vou voltar para a minha família, voltar para o Brasil.
Aposentadoria
Vou chorar, vou chorar muito. Essa vai ser uma decisão muito difícil. (Fonte: Globo Esporte)