Acervo pessoal
A menopausa é mais comum aos 45 a 55 anos. Então quando a gente fala de uma reposição hormonal na menopausa, a gente fala nessa faixa etária, afirma especialista
Quando o assunto é o corpo da mulher, ah! São inúmeras as questões que envolvem esse tema não é mesmo? Isso porque o corpo feminino passa por significativas transformações. Uma delas é a menopausa, fase em que a mulher apresenta as “sofridas” mudanças hormonais.
Nesta fase é comum aparecerem alguns sintomas característicos como as frequentes ondas de calor, suores noturnos e secura vaginal, não é? Uma das alternativas para driblar esses desconfortos é a reposição hormonal que nada mais é do que uma terapia indicada para amenizar sintomas da menopausa e prevenir doenças.
Esse tratamento não é capaz de interromper o processo da menopausa e da andropausa, mas é uma forma de aliviar os sintomas desses processos naturais. A reposição pode ser iniciada na mulher no climatério (normalmente entre 45 e 50 anos), mesmo assim, muitas são as dúvidas no entorno desse procedimento.
Para esclarecer algumas dúvidas, o Capital News conversou com a médica ginecologista, pós-graduada em ginecologia e obstetrícia pela Universidade Gama Filho Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral. Ela quem vai falar sobre em quais casos a reposição hormonal é indicada, as formas e o tratamento.
1. Capital News? O que é reposição hormonal e de quais formas pode ser feita?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: Existe uma grande diferença entre a reposição hormonal e a modulação hormonal. A reposição é quando a gente efetivamente tem uma deficiência naquela produção. Um exemplo é na menopausa, quando a gente efetivamente para de produzir o estrogênio, a testosterona, a progesterona e aí a gente precisa repor esse hormônio. E a modulação é quando a gente faz essa reposição no decorrer da vida, muitas vezes por uma deficiência momentânea, temporária. Então às vezes após o uso de anticoncepção por muito tempo, após uma inflamação crônica, um estresse agudo ou após alguma doença que a paciente tenha alguma alteração na produção hormonal e aí muitas vezes a gente faz essa modulação na tentativa que o corpo volte a produzir espontaneamente. Então a reposição hormonal pode ser feita por algum motivo de doença, queda na produção ou, muitas vezes, apenas como modulação para a gente incentivar o nosso corpo voltar a produzir.
2. Capital News? Quais os tipos de hormônios que podem ser repostos?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: Normalmente, para a reposição hormonal, nós usamos o estradiol bioidêntico, a testosterona e a progesterona. O ideal é que a gente use os três hormônios bioidênticos para a reposição hormonal. Em alguns momentos, em alguns casos, a gente pode lançar mão de alguns progestínicos, que são as progesteronas diferenciadas. São derivados dela, que tem a ação da progesterona para proteção endometrial, mas, a maioria das vezes a gente tenta usar a progesterona bioidêntica. Até por proteção cerebral, proteção endometrial. E vale ressaltar também que a via sempre de utilização transdérmica. A progesterona é o hormônio que a gente prefere a via oral, porque já foi comprovado que a proteção endometrial é maior da via oral, é a única forma de proteger o endométrio e também porque ela se transforma nos derivados na alopregnolona, na metabolização hepática e ajuda muito na função cerebral.
A menopausa o mais comum é dos 45 ou 55 anos
3. Capital News? Existe uma idade mínima e máxima indicada para a reposição?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: Sobre a idade do paciente, a gente não tem essa idade pré-estabelecida, porque, na verdade, a menopausa o mais comum é dos 45 ou 55 anos. Então quando a gente fala de uma reposição hormonal na menopausa, a gente fala nessa faixa etária. Mas, a gente sabe que o mais importante hoje é na fase de transição do climatério, e nesse climatério a gente já começa a fazer a modulação para que a gente previna que a paciente tenha sintomas importantes. Então, é como se fosse um grande incêndio, a gente não quer começar a apagar esse incêndio depois que ele já está instalado, a gente quer prevenir. Antigamente, todos os estudos falavam que a mulher só poderia usar o hormônio por um certo período, mais ou menos cinco anos. Mas hoje, com a evolução dos bioidênticos, das baixas doses hormonais, a gente fala em usar. Lógico que com acompanhamento médico e com a proteção correta, com todos os exames, ela pode usar praticamente para o resto da vida. Então a gente não tem um limite de corte se essa mulher estiver bem.
4. Capital News? Quais os meios de reposição hormonal? Existe um mais indicado?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: Existem vários meios de reposição hormonal. Antigamente era muito usada via oral, hoje a via oral está proscrita, a gente não usa mais. A via de preferência é o gel transdérmico ou os implantes hormonais, inabsorvíveis e absorvíveis. Essas são as vias mais usadas hoje em dia. Por causa da metabolização hepática, a gente protege essa mulher da metabolização hepática. O único hormônio que a gente ainda lança a mão de usar oral, porque a gente tem uma resposta muito boa na proteção cerebral será a pregnolona que é a progesterona. Então, essas são as vias mais utilizadas hoje em dia com resultados sensacionais. Além disso, a gente consegue baixíssimas doses por essas vias de administração com resultados muito bons.
A reposição hormonal bem feita vai acelerar o metabolismo, ela vai ajudar
5. Capital News? Este procedimento engorda ou acelera o metabolismo?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: A reposição hormonal bem feita vai acelerar o metabolismo, ela vai ajudar. Porque quando a gente não faz uma reposição hormonal bem feita, o que acontece com essa paciente? O corpo começa a ter acúmulo de gordura abdominal. Então, a gente começa a ter uma mudança nesse padrão corporal. A reposição hormonal bem feita, lógico que sempre associada à atividade física, hábitos alimentares saudáveis, com certeza vai ajudar essa paciente.
6. Capital News? Há restrições para se fazer reposição hormonal?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: Existem restrições sim, mas hoje em dia, principalmente pela via transdérmica, essas restrições diminuíram bastante. Praticamente todas as mulheres que fazem acompanhamento médico, que efetivamente tem bons hábitos de vida, profissional qualificado, pode sim fazer a reposição hormonal. Existem algumas poucas contraindicações absolutas nos dias de hoje.
7. Capital News? Qual o primeiro passo para se fazer uma reposição hormonal?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: O primeiro passo para uma reposição hormonal bem feita é o paciente procurar profissional qualificado de confiança, que ela se sinta tranquila e a partir daí ele vai fazer uma boa anamnese. Eu costumo dizer para todas as pacientes que o mais importante é o exame físico. Então é a conversa que essa paciente vai ter com o médico dela, porque normalmente a gente não precisa nem dos exames laboratoriais para poder fazer, saber o que aquela paciente precisa de reposição. Posteriormente vamos incluir vários exames laboratoriais, também exames de imagem como a mamografia, a densitometria óssea, ultrassom transvaginal, pra avaliar possíveis intercorrências. Algumas pacientes precisam de exames como doppler de carótida e doppler de membro inferior pra gente definir esse tratamento.
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Especialista afirma que a reposição hormonal bem feita vai acelerar o metabolismo, ela vai ajudar
8. Capital News? A reposição hormonal é indicada para prevenir doenças? Se sim, quais?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: Sim, a reposição hormonal previne várias doenças, entre elas, a osteoporose e a doença cardiovascular, além de proteger de doenças cerebrais que tem perda de memória. Ajuda muito também nas doenças articulares, na dor que a paciente sente, algumas doenças musculares, entre outras.
9. Capital News? E no que se refere a pele, a reposição hormonal ajuda?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: Sim, a reposição hormonal ajuda bastante na pele. A pele com a idade vai perdendo textura, vai diminuindo a produção de colágeno, ela fica mais ressecada. Então quando a gente faz uma reposição hormonal bem feita, a gente estimula o colágeno, A gente consegue manter a elasticidade da pele. Quando a gente fala em pele, a gente não está falando só do rosto, a gente está falando da pele corporal, na perna da mulher, a gente está falando na vagina também, na saúde vaginal.
10. Capital News? Em quais outras áreas ela atua?
Dra. Maria Carolina Dalboni Lemos Amaral: A reposição hormonal também vai ajudar no sono, na qualidade de vida, na locomoção dessa paciente em longo prazo, na vida sexual, na libido, na saúde vaginal, melhora a textura do cabelo, da unha dessa paciente. Previne doenças também oftalmológicas, porque com o tempo a gente diminui a acuidade visual e também o ressecamento ocular.