As instituições que integram o sistema financeiro nacional não sentiram, até agora, os efeitos da crise mundial em seu quadro de trabalhadores. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) avaliam que a crise internacional não vai atingir o sistema financeiro nacional.
Para as duas entidades não há no horizonte cenário de demissões em massa como já ocorrem em outros subsetores de serviço, na indústria, construção civil e agropecuária. Na opinião de Carlos Alberto Cordeiro da Silva, secretário-geral da Contraf, “o sistema financeiro não está tendo problemas a ponto de ter de fechar agências”. Segundo ele, a solidez dos bancos está nas fontes de lucro “garantidas”: juros obtidos na compra de títulos públicos, seguros e tarifas bancárias.
Para o líder sindical, a maior ameaça aos trabalhadores bancários está no processo de fusão das instituições - que já estavam ocorrendo antes do processo da crise, diz referindo-se à incorporação do Banco Real (ABN Amro Bank) pelo Santander, às aquisições do Banco do Brasil e da fusão Itaí-Unibanco.
Cordeiro admite, no entanto, que a crise deverá acentuar esse processo de concentração por meio de novas fusões. “Não estou vendo dificuldades para o sistema financeiro, mas oportunidades para fusões”, afirmou. Na avaliação do sindicalista, “na maioria das vezes, o sistema financeiro sai muito bem das crises”.
Para o professor Joe Yoshino, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, a concentração bancária “é ruim” porque, além de provocar a diminuição na oferta de postos de trabalho, mina a competitividade. “Se tivesse competição não teríamos o spread cavalar e o juro real que o Brasil pratica”, disse.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged), no ano passado, as instituições financeiras tiveram um saldo positivo de admissões de 22 mil trabalhadores. A variação das contratações nos bancos (3,87%) ficou acima da indústria de transformação (2,55%). (Agência Brasil)