A Fiems, em parceria com a Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), Comunidade Européia e instituições latino-americanas, vai capacitar as indústrias do segmento de alimentos e bebidas de Mato Grosso do Sul para garantir mais acesso dos seus produtos ao mercado europeu. Para isso, a qualificação terá como foco melhoria gradativa dos produtos e processos produtivos das empresas sul-mato-grossenses.
Para se ter uma idéia da importância do mercado europeu, somente de janeiro a agosto deste ano, conforme o Radar Industrial da Fiems, a receita de Mato Grosso do Sul com a exportação para a União Européia foi de US$ 214,8 milhões, o que representa 17,25% da receita total de exportação do Estado no ano. Atualmente, os principais países europeus que importam os produtos das indústrias de alimentos e bebidas sul-mato-grossenses são Holanda, França, Itália, Espanha, Bélgica e Alemanha.
Segundo o presidente Sérgio Longen, a iniciativa de capacitar esse segmento industrial para aumentar as vendas para a Europa integra a política do Sistema Fiems de abrir novos mercados para as indústrias do Estado. Ele ressalta que a entidade busca também dinamizar a economia do setor industrial e incrementar as exportações com a inclusão de micro e pequenas empresas nesse fomento comercial. “Nossa intenção é desenvolver uma agenda de ações conjuntas com o Governo do Estado para aproximar economicamente Mato Grosso do Sul dos principais países da Europa”, disse.
Longen ressalta que o Estado tem de fomentar essa bandeira da integração para estabelecer uma rede de negócios no velho continente. “Estivemos recentemente em Portugal, Espanha e Itália, onde aproveitamos para divulgar a Expo-MS Industrial, que será realizada de 18 a 22 de maio de 2010. O evento pode se tornar também um espaço para o intercâmbio das indústrias de Mato Grosso do Sul com o mercado europeu”, ressaltou.
Na Europa, a missão empresarial da Fiems discutiu a ampliação dos contatos para outros segmentos da indústria do Estado por meio de negócios com empresas espanholas e também pela transmissão de tecnologias, tendo a feira como pontapé inicial. “Com a recessão vivida atualmente pela Espanha, essas parcerias produtivas podem ser uma boa opção de abertura de um novo mercado consumidor, tanto para os empresários sul-mato-grossenses, quanto para os industriais espanhóis”, evidenciou.
Capacitação
De acordo com Fábio Fonseca, do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fiems, a qualificação das indústrias de alimentos e bebidas do Estado para que possam vender para o mercado europeu faz parte dos projetos Al-Invest e Euroquali, que oferecem capacitação técnica ministradas por especialistas europeus. “Nesse sentido, a Fiems realiza, no próximo dia 15 de outubro, no Centro de Convenções e Exposições Albano Franco, em Campo Grande, essa capacitação. Trata-se de uma excelente oportunidade para os empresários do setor atualizem seus conhecimentos com novas informações”, reforçou.
Ele explica que em Mato Grosso do Sul o curso será ministrado pelo especialista europeu Cesare Tromellini, formado em Agronomia pela Universidade Turim, na Itália, com mais de 20 anos de experiência em consultoria especializada. “Essa capacitação internacional já ultrapassou as nossas expectativas de participantes com 81 inscritos, já que eram esperadas menos de 70 empresários”, informou.
O Projeto Al-Invest está em sua quarta fase de execução e recebe financiamento de comissão européia e instituições privadas latino-americanas. Com o objetivo de internacionalizar as pequenas e médias empresas do continente sul-americano, o projeto busca estimular o desenvolvimento local das participantes e que eles aproveitem oportunidades oferecidas pela globalização, integração regional e acordos de livre comércio celebrados com a União Européia. “No Mercosul, Chile e Venezuela, o Al-Invest é implementado e co-financiado por um consórcio de instituições liderado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), enquanto no Brasil a entidade conta com o apoio das federações das indústrias”, explicou Fábio Fonseca.
Já o Projeto Euroquali também é dirigido às micro e pequenas empresas brasileiras do setor de alimentos e bebidas para melhorar os produtos e processos delas para acesso ao mercado europeu. Ele está sendo realizado em cinco edições de capacitação técnica por especialistas europeus no setor de alimentos e bebidas, abrangendo temas relativos às certificações de qualidade, reconhecimento de origem de produtos, boas práticas de fabricação, normas técnicas e outras especificações que possam impactar na competitividade das micro e pequenas empresas.
Força do setor
As indústrias de alimentos e bebidas fazem parte de um segmento do setor industrial que mais cresce em Mato Grosso do Sul. Levantamento do Radar Industrial da Fiems revela que as exportações de produtos alimentícios de Mato Grosso do Sul apresenta um taxa de crescimento anual de 20,5% no caso do volume e de 25,95% no caso da receita no período de 2004 a 2008.
Em 2004, por exemplo, a receita de exportação do setor foi de US$ 242,35 milhões, enquanto em esse montante saltou para US$ 768,11 milhões, ou seja, aumento de 216,9%. Já o volume de produtos exportados no ano de 2004 foi de 210,15 mil toneladas e, em 2008, chegou a 533,85 mil toneladas, ou seja, crescimento de 154,04% no período.
Apenas de janeiro a setembro deste ano, o setor foi responsável por receita de US$ 414,5 milhões com as exportações, o que representa 33,28% do total exportado pelo Estado. Os principais produtos alimentícios exportados foram grãos de soja, carne bovina, carne de frango, açúcar de álcool e milho.
Estabelecimentos
Ainda conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems, nos últimos quatro anos o segmento das indústrias de alimentação e de bebidas apresentou crescimento de 26,7%, saltando de 683 estabelecimentos em 2004 para 864 empresas no ano passado, o que significa uma taxa média de crescimento anual de 4,84%.
Além disso, nesse mesmo período o número de trabalhadores empregados pelo setor cresceu 50,2%, aumentando de 27.359 industriários para 41.092, com taxa média de crescimento anual de quase 9%.
A massa salarial das indústrias de alimentos e bebidas de Mato Grosso do Sul cresceu 86,4% de 2004 a 2008, elevando-se de R$ 261,05 milhões para R$ 486,71 milhões, ou seja, teve uma taxa média de crescimento anual de 13,3%. Já o salário médio real saltou de R$ 795,13 em 2004 para R$ 987,03 no ano passado, tendo um ganho real no poder de compra dos empregados, no período, de 24,13%. (Fonte: Fiems)
