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SEM ACORDO

TCU rejeita relicitação da Malha Oeste e impede planos de revitalização da ferrovia

Segundo o relator do caso, a Rumo, empresa que reivindicava a concessão, tem um histórico de não cumprimento contratual

Flávio Veras
Capital News

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu arquivar o processo de relicitação da ferrovia Malha Oeste, que liga Mairinque (SP) a Corumbá (MS), com 1.973 km de extensão. A proposta, elaborada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pela concessionária Rumo, foi considerada irregular e rejeitada pelo plenário da corte.

Segundo o relator do caso, ministro Aroldo Cedraz, o plano apresentado não atendia às exigências legais, uma vez que permitiria a continuidade da concessão à Rumo sem processo licitatório, mesmo com seu histórico de descumprimento contratual. A proposta envolvia a modernização de apenas 491 km da ferrovia — justamente os trechos mais rentáveis — enquanto os outros 1.600 km, considerados deficitários ou abandonados, seriam devolvidos.

Entre as intervenções previstas estavam obras como a recuperação de 47 km entre Corumbá e Porto Esperança, a conversão de bitola em 300 km no trecho entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, além da construção de 55 km ligando a fábrica da Suzano ao contorno ferroviário de Três Lagoas e um novo ramal de 89 km até Aparecida do Taboado.

O ministro Cedraz ressaltou que, diante do não cumprimento das metas de desempenho e manutenção estipuladas em contrato, a concessionária não teria sequer o direito de solicitar a prorrogação do contrato, seja por vias tradicionais ou antecipadas conforme a Lei nº 13.448/2017.

Ele também criticou a proposta por não representar uma solução consensual verdadeira, mas sim uma tentativa de contornar a obrigatoriedade da licitação, o que, segundo ele, afronta diretamente a Constituição Federal e as legislações sobre concessões públicas. “Permitir esse acordo seria garantir à atual concessionária a exploração da ferrovia por mais 30 anos sem observar os critérios legais e sem dar oportunidade a novos concorrentes”, afirmou Cedraz.

Com a decisão, os planos de reativar e modernizar a Malha Oeste voltam à estaca zero, e o governo deverá buscar novos caminhos para a concessão da ferrovia.

Na contramão; Audiência pública realizada marcou o início da mobilização pela retomada da Ferrovia Malha Oeste em Mato Grosso do Sul

Campo Grande foi palco de um debate considerado histórico para o futuro logístico do Brasil. A audiência pública realizada na última sexta-feira (15/08), promovida pela Câmara Municipal, a pedido da vereadora Luiza Ribeiro (PT), reuniu lideranças políticas, especialistas e representantes do setor ferroviário para discutir a recuperação e reativação da Malha Oeste, ferrovia que liga Corumbá (MS) a Mairinque (SP) e que está praticamente paralisada há décadas.

Izaias Medeiros/Câmara de Campo Grande

Audiência Pública da ferrovia Malha Oeste da Câmara de Campo Grande

Audiência Pública da ferrovia Malha Oeste da Câmara de Campo Grande proposto pela Vereadora Luiza Ribeiro (PT)

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