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Agronegócio Sexta-feira, 07 de Novembro de 2025, 14:59 - A | A

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Pecuária sustentável ganha protagonismo na agenda climática global

Com tecnologias e eficiência produtiva, setor se consolida como aliado estratégico na redução de emissões e no sequestro de carbono

Elaine Oliveira
Capital News

Com a chegada da COP 30, as mudanças climáticas voltam ao centro das discussões mundiais, e o agronegócio brasileiro, especialmente a pecuária, tem mostrado avanços significativos para se tornar parte da solução frente aos desafios da emissão de gases de efeito estufa.

Segundo Diego Guidolin, consultor em pecuária do Departamento Técnico da Famasul, a transformação começa com o aumento da eficiência produtiva. “Animais mais produtivos e geneticamente superiores convertem melhor o alimento em carne ou leite, ficam menos tempo no sistema e, com isso, emitem menos metano por quilo produzido. É um ganho duplo, tanto ambiental quanto econômico”, explica.

A melhoria genética, o manejo nutricional de precisão e o bem-estar animal têm papel essencial nesse processo, reduzindo a fermentação ruminal e, consequentemente, as emissões de metano (CH₄). Outro destaque está no manejo sustentável de pastagens, que melhora a ciclagem de nutrientes, reduz a compactação do solo e favorece a infiltração de água, promovendo fertilidade e sequestro de carbono.

A adoção de sistemas integrados, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), vem se consolidando como estratégia eficiente para recuperar áreas degradadas e evitar o desmatamento, além de elevar os estoques de carbono no solo. “Ao restaurar áreas de baixa produtividade, o produtor promove o acúmulo de matéria orgânica e o aumento dos estoques de carbono, reduzindo a concentração atmosférica de CO₂”, reforça Guidolin.

A sustentabilidade também tem avançado nos confinamentos, com o uso de biodigestores que transformam dejetos em biogás e biofertilizantes, substituindo insumos químicos e reduzindo a emissão de óxidos de nitrogênio (N₂O).

Ferramentas digitais, sensores e softwares de gestão permitem o monitoramento das emissões em tempo real, acompanhando variáveis como produção de metano entérico, temperatura e manejo de resíduos — dados fundamentais para medir o impacto ambiental e aprimorar práticas de mitigação.

Essas ações estão alinhadas a programas como o Precoce MS, o Plano ABC+ e o Plano Nacional de Pecuária de Baixo Carbono (PNPB), que estabelecem diretrizes técnicas para manejo sustentável, integração lavoura-pecuária-floresta e redução das emissões. Além disso, certificações de baixo carbono, como Carne Carbono Neutro e Carne Baixo Carbono, agregam valor e transparência à cadeia produtiva.

O setor também começa a ganhar espaço no mercado de créditos de carbono. De acordo com Guidolin, a projeção global é que esse mercado, ligado à pecuária, salte de US$ 3,8 bilhões em 2024 para mais de US$ 14 bilhões em 2032, com taxa de crescimento anual próxima de 30%. “O caminho para uma pecuária de baixo carbono já está traçado. O que precisamos agora é ampliar políticas de incentivo, difundir conhecimento técnico e fortalecer a governança do setor. Assim, o Brasil consolida seu papel como líder na produção sustentável de alimentos e na busca pela neutralidade climática até 2050”, conclui o consultor.

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