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Impacto do Frio

Milho e rebanho sofrem com geadas e frio forte no interior de Mato Grosso do Sul

Geadas impactam milho e pastagens; mais de 3 mil bovinos morreram

Viviane Freitas
Capital News

A entrada de uma massa de ar polar em Mato Grosso do Sul derrubou as temperaturas para perto de 3°C, com sensação térmica negativa em diversas regiões do estado. Municípios do sul foram os mais afetados pelas geadas de junho, que já causaram prejuízos nas lavouras de milho e acenderam o alerta no campo. Segundo o Cemtec, não há previsão de novas geadas nos próximos dias, mas o frio ainda preocupa agricultores e pecuaristas.

De acordo com o projeto SIGA MS, cerca de 48% das lavouras de milho da segunda safra estão em fases sensíveis ao frio. “Desse total, 24% estão no estágio R4, quando o grão está pastoso. Uma geada nessa fase pode gerar perdas de até 40% no potencial produtivo”, explica Gabriel Balta, da Aprosoja/MS. Além do milho, culturas como feijão, hortaliças e frutas tropicais também podem sofrer queima foliar e abortamento dos grãos, segundo a Famasul.

Na pecuária, o impacto é imediato: geadas queimam pastagens como a braquiária, comprometendo o valor nutricional da forragem. A Iagro confirmou mais de 3 mil mortes de bovinos por hipotermia em 14 municípios do estado em 2024. “O frio afeta o sistema imunológico e aumenta o risco de doenças respiratórias, principalmente em bezerros e vacas prenhes”, afirma Diego Guidolin, consultor da Famasul.

A suinocultura e a avicultura também exigem atenção redobrada. Mesmo com maior tecnificação, o frio intenso pode prejudicar o desempenho dos animais e elevar o risco de doenças respiratórias. O cuidado com aquecimento, ventilação e fornecimento de água é essencial, especialmente nas pequenas propriedades, onde há maior limitação estrutural.

Para minimizar os prejuízos, a Famasul orienta os produtores a reforçarem a suplementação alimentar, manterem abrigo nos pastos e observarem sinais de hipotermia. “A rápida adoção de boas práticas de manejo é fundamental para garantir o bem-estar animal e evitar perdas econômicas”, reforça Guidolin. Nas lavouras próximas da colheita, o impacto tende a ser menor, com prejuízo mais à qualidade que à produtividade.

A previsão indica que a chuva retorna ao estado entre quinta-feira (27) e sexta-feira (28), com aumento gradual das temperaturas, especialmente na região centro-sul. O Sistema Famasul segue mobilizado com sindicatos rurais e o Senar/MS para oferecer apoio técnico durante este período crítico enfrentado pelos produtores.

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