Artistas de Campo Grande participam pela primeira vez do TRISCA – Festival de arte COM crianças, em Parnaíba (PI), levando o espetáculo “Cabeça de Toco, aqui tudo é mato” e uma série de atividades formativas voltadas às infâncias. Integram o grupo os artistas Febraro de Oliveira, Marcos Mattos, Marcus Perez e Renata Leoni, da Arado Cultural. A participação ocorre com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura, operacionalizada pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
A aproximação com o TRISCA surgiu após convite feito à diretora do festival, Soraya Portela, para participar do projeto Dancidades – Dança e Cidadania, em 2018, em Campo Grande. “Nesse encontro, Soraya participou de uma roda de conversa, expondo experiências com ações que desenvolve com crianças e idosos no Piauí há mais de 15 anos”, relembra a artista e produtora Renata Leoni. Ela explica que desde então o grupo articula parcerias que fortalecem ações culturais no MS e no Piauí por meio do Instituto Punaré, Canteiro Produções Artísticas e Arado Cultural.
Três dias de atividades no festival
A programação dos artistas de MS inclui ações entre sexta-feira (28) e segunda-feira (1º). Na sexta, às 9h30 na Escola de Aplicação Ministro Reis Veloso e às 15h na Oficina Esperanza, o grupo realiza a mediação artística “Desimaginar o mundo” com crianças. “Vamos trabalhar temas do espetáculo, desenvolver cenas, movimentar os tocos, brincar com eles, entre outras ações”, detalha Renata.
No sábado (29), das 8h às 10h, os artistas participam do acontecimento “Cabeça de Toco, todo mar aqui é mato”, na praia Pedra do Sal. Já na segunda-feira (1º), às 8h30, eles integram o fórum “Fala na Lata: Pensamento Cerradiço – breves mapas para o Mato”, no auditório da UFDPAR, em uma conversa conduzida com crianças sobre o festival e o processo criativo do espetáculo. No mesmo dia, às 19h, o grupo se apresenta no Teatro Saraiva.
Espetáculo nasce de memórias e da obra de Conceição dos Bugres
O processo criativo de Cabeça de Toco partiu das memórias dos quintais dos artistas e do legado de Conceição dos Bugres, reconhecida pela série de esculturas talhadas em tocos de madeira, os “bugrinhos”. A referência inspirou Renata Leoni, Marcos Mattos, Marcus Perez e Febraro de Oliveira a construírem uma dança-instalação que dialoga com território, natureza e infância.
A obra explora a relação entre corpo, matéria e memória, refletindo sobre o impacto humano no meio ambiente. A narrativa nasce da queda simbólica de uma árvore que se transforma em 30 pedaços de madeira no palco, tensionando destruição e renascimento. O espetáculo evoca movimentos de bichos, rios e árvores, fazendo da madeira uma protagonista que “dança e conta histórias”.
Coletivo reúne gerações e múltiplas linguagens
O grupo é formado por artistas de diferentes trajetórias. Renata Leoni, 62 anos, foi bailarina do Pantanaliadança, primeiro grupo independente de dança do estado, e integrou a Ginga Companhia de Dança. Marcos Mattos, 40, dirige a Arado Cultural e foi diretor artístico da Cia Dançurbana por 21 anos.
Os mais jovens do coletivo, Febraro de Oliveira, 26, e Marcus Perez, 25, também trazem bagagem expressiva. Febraro é artista da palavra e vencedor do Prêmio Caio Fernando Abreu de Literatura 2022. Marcus é artista da cena, pesquisadora de danças brasileiras, arte educadora e integrante do grupo Renda que Roda da UEMS.
Renata destaca a relevância da participação no Piauí. “É um momento muito importante pra nós, vai ser uma experiência muito interessante, como que eles vão recepcionar o nosso espetáculo e essas ações que faremos com a comunidade. Em Parnaíba, em especial, essa iniciativa é muito importante pra nós. Estar aqui junto, somando com os artistas locais, pessoas que admiramos, é um momento sensível, especial!”.
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