Cresceu de 34% para 59% o número de indústrias brasileiras que possuem uma área dedicada para lidar com a sustentabilidade. É o que aponta uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com cerca de mil empresários do setor, publicada nesta quarta-feira (9).
Segundo a entidade, os dados vão ser divulgados durante a COP 27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorre no Egito até 18 de novembro.
Para o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, a pesquisa mostra que o empresário brasileiro já incorporou a sustentabilidade à estratégia corporativa. “Muitos empresários têm investido bastante em agendas que trazem a sustentabilidade como fator central, ou seja, toda essa parte de gestão de resíduos, de energia, de eficiência hídrica. Toda essa agenda compõe não só uma vertente de redução de custo, mas, também, de competitividade e inserção nas cadeias globais de valor”, destaca.
Em relação ao nível de informação dos empresários sobre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) para 2030 definidos pela Organização das Nações Unidos (ONU), 31% dos industriais declararam estar “muito informados” ou “informados”. Mas o percentual dos “pouco ou nada informados” é maior, chegando a 42%. De todo modo, a situação é melhor do que no ano passado, quando 73% dos entrevistados afirmaram não conhecer os ODS.
Consumo, cadeia produtiva e indústria
O levantamento apresentou aos empresários da indústria algumas ações relacionadas à sustentabilidade ambiental na cadeia produtiva e perguntou se a empresa utilizava algumas dessas iniciativas. Apenas 15% declararam ter as nove ações. De acordo com a pesquisa, 43% assinalaram de sete a oito ações, ante 26% que marcaram de cinco a seis iniciativas.
As três mais implementadas foram as ações para: reduzir a geração de resíduos sólidos na produção; aprimorar os processos para melhoria dos aspectos ambientais; e otimizar o consumo de energia.
Ao serem questionados sobre as práticas sustentáveis que julgam serem as principais prioridades para as suas empresas, 38% dos empresários citaram como primeira ou segunda opção as ações para reduzir a geração de resíduos sólidos na produção. O uso de fontes renováveis de energia foi lembrado por 34%, enquanto as ações para otimizar o uso da água por 31%. Metade dos industriais disse que os investimentos em ações de sustentabilidade ambiental em suas indústrias aumentaram.
Além disso, aumentou de 26% para 45% a quantidade de indústrias que exigem certificado de seus fornecedores e/ou parceiros de cumprimento de critérios ambientais como condição para contratação de produtos e insumos. Também cresceu de 40% para 52% o número de empresários que responderam que algum cliente já exigiu certificado ou ação ambientalmente sustentável como critérios para contratação.
Apesar disso, 84% dos empresários afirmaram que nunca deixaram de vender algum produto por não ter alguma certificação ou seguir algum requisito ambiental em sua cadeia produtiva. No ano passado, o índice era maior: 87%. Em relação ao peso dos critérios ambientais sobre a decisão de compra de seus consumidores, subiu de 20% para 35% o número de industriais que afirmam que esses fatores têm importância “muito alta” ou “alta”.
“O consumidor vem se tornando cada vez mais consciente, ou seja, todos querem saber como que cada produto é produzido, como que cada serviço é prestado, quanto que emite de gás de efeito estufa, se tem um programa de gestão de resíduos, se trabalha eficiência energética, eficiência hídrica, se compõe toda a parte social também”, diz Bomtempo.
O levantamento também quis saber se os empreendedores pretendem aumentar, manter ou diminuir os aportes em ações de sustentabilidade nos próximos dois anos: 69% disseram que “sim”, ante 63% no ano passado. Os principais focos desses investimentos serão o uso de fontes renováveis de energia, a modernização de máquinas e equipamentos para melhoria de aspectos ambientais e ações para reduzir a geração de resíduos sólidos na produção.
Amostra
Participaram da pesquisa executivos de 1.004 indústrias de pequeno, médio e grande portes de todas as regiões brasileiras. As entrevistas ocorreram entre 6 e 21 de outubro de 2022.