Desde 2014, quando passou a ser administrada pela CCR MSVia, a BR-163 em Mato Grosso do Sul registra média de 18,7 acidentes por quilômetro. São mais de 15,8 mil ocorrências ao longo dos 845,9 km da rodovia. Segundo a ANTT, a média anual chega a 1,4 mil registros, o que equivale a 119 por mês, ou quase quatro por dia. Os piores anos foram 2023, 2015 e 2024, com mais de 1,6 mil acidentes cada.
A maior parte da estrada segue sem duplicação. Em 11 anos, apenas 150,4 km foram duplicados, o que representa 17% do total. As obras pararam em 2018, depois de um esforço inicial em 2015 para atender exigências do contrato de concessão. "A rodovia não tem nenhum trecho considerado ótimo", aponta a CNT, e mais de 80% da BR-163 segue com pista simples, o que contribui para os acidentes.
Divulgação/PRF

A BR-163 e a campeã em acidentes por falta de duplicação nos principais trechos na sua extensão em Mato Grosso do Sul
A falta de investimentos e os números alarmantes geraram questionamentos em Mato Grosso do Sul. Entre 2014 e 2017, a CCR MSVia arrecadou quase R$ 4 bilhões, segundo denúncia apresentada ao MPF. No entanto, o investimento total declarado pela empresa em 10 anos foi de apenas R$ 1,8 milhão. Em 2024, 19,5 milhões de veículos passaram pela rodovia, e o pedágio rendeu R$ 229 milhões.
Em resposta às críticas, o contrato foi repactuado e será leiloado novamente. A nova proposta prevê a duplicação de apenas 203 km, menos de um quarto do prometido originalmente. "Mesmo com a nova previsão, apenas 41% da rodovia terá duplicação", aponta o relatório. A mudança visa acelerar as obras e evitar o cancelamento da concessão, mas reduz significativamente as melhorias esperadas para a segurança dos motoristas.