O Comando Militar do Oeste (CMO) apresentou na manhã desta sexta-feira (29), os 28 militares que faziam parte do 11° Contingente da Força de Paz do exército no Haiti e que retornaram na última quarta-feira (27). Segundo o CMO, todos os militares já passaram por exames médicos e estão liberados para exercer as atividades e voltar ao convívio familiar a partir de hoje.
Juntamente com o General-de-brigada Eduardo José Barbosa, oito militares contaram o que viram, como era o trabalho da tropa e o sentimento de voltar ao convívio familiar. Para o 1° Sgt Douglas, a expectativa antes do terremoto era de chegar ao Brasil só com alegrias no coração, sentimento que modificou com o acontecimento. “Não é só alegria. Apesar da vontade de ficar perto dos familiares, existe a vontade de continuar a missão por lá”.
Os militares, que estavam no país caribenho desde julho do ano passado, contaram que entre os trabalhos que faziam parte da Missão brasileira no País, estava patrulhamento na cidade, instalações da base, construção de vias de acesso aos locais e manter a ordem do país, situação que se modificou após o terremoto do dia 12 de janeiro.
Para o 2° Sgt Campos, a experiência foi muito boa com relação ao profissionalismo. “Foi um período muito bom de convívio com todos os militares do Brasil. Mas no final teve esse terremoto que abalou um pouco. Mas somos militares e tivemos que sair para trabalhar e ajudar aquela população que tinha muito pouco e hoje não tem nada”, disse.
O 2° Sgt Brandão contou que se sente orgulhoso de ter participado da missão, pois o Brasil é muito bem visto pelos haitianos e pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo ele, tudo ia muito bem no país, sinais de melhora já eram visíveis, e elogios eram recebidos, quando aconteceu a tragédia e mudou todo o cenário. “Eu como brasileiro nunca imaginei participar de um terremoto assim, demorou para assimilar, mas pela poeira alta que levantou deu para ver que era de grande proporção”.
De acordo com o 3° Sgt Weimar, que cumpria voluntariamente pela segunda vez Missão no Haiti, após o terremoto, foram momentos de desespero para o povo haitiano. “Se passava pela rua e era só tristeza, muitos corpos espalhados pelo chão e não podíamos atender a todos”.
Weimar contou que os militares tinham informação sobre enchentes e furacões no país, mas não de terremotos de grandes proporções, e lembrou que a língua falada no país haitiano, como o crioulo, inglês e francês ia sendo adaptado com a ajuda de intérpretes e das crianças haitianas que falam o Português.
Contato e saudade
Os militares contaram que quando houve o terremoto, a base da engenharia não foi muito afetada devido o material da qual ela era construída, e por isso puderam usar os computadores e a rede de internet para se comunicar.
A prioridade neste momento para eles é encontrar com a família, mas não descartam a ida ao Haiti em um futuro, para ajudar na reconstrução do país. “Agora de imediato é a apoio para a família, para restabelecer de novo. Mas mais para frente, digo por mim, se o exército precisar, poderei ir”, afirmou o 2° Tenente Itamar.
Treinamento
Segundo o General-de-brigada, Eduardo, o período da tragédia coincidiu com o período da troca de contingente que acontece a cada seis meses. A tropa que foi substituir os militares é a do Rio de janeiro, que ficará até julho. O general explicou que em julho, o responsável por mandar os militares para lá é o Comando Militar do Sul, responsável por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
“Em janeiro de 2011 será os militares do CMO que vão”. Para isso, em abril começa a seleção do militares, que de acordo com o General tem que ser voluntários.

Desde julho de 2009 no Haiti, militares relataram a saudade da família e a vontade de ajudar na reconstrução do país
Foto: A. Ramos/Capital News
Por: Nadia Nadalon-estagiária (www.capitalnews.com.br)