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Cotidiano Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2020, 12:54 - A | A

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Mosquitos

Entenda como combater doenças aumentando o número de insetos

A Biofábrica tem capacidade para produzir um milhão e meio de mosquito por semana

Laryssa Maier
Capital News

Edemir Rodrigues

Fabrica de mosquito

A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza

Nesta quinta-feira (10) o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES), inaugurou a Biofábrica instalada na sede do Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS), que terá como missão a redução de casos de Dengue, Zika e Chikungunya no Estado. A Biofábrica de Campo Grande tem capacidade para produzir um milhão e meio de mosquito com Wolbachia por semana.

 

A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, ela impede que os vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças. Não há modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria.

 

De acordo com a assessoria, o Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e gerar uma nova população destes mosquitos, todos com essa bactéria. Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.

 

Desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program, o Método Wolbachia é uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha no combate às doenças transmitidas por mosquitos. Atualmente operando em 12 países, em mais de 20 cidades, o método tem apresentado resultados promissores nas diferentes localidades. Há quatro anos não se tem registro de casos autóctones de dengue na Austrália. Na Indonésia, um estudo clínico randomizado (RCT), padrão ouro na epidemiologia, demonstrou 77% de redução nos casos de dengue.

 

No Brasil, o método é implementado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com governos locais. Tendo iniciado em partes dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, os resultados preliminares apontam redução de 75% de casos de Chikungunya em áreas com o wolbito. Com base nas diversas experiências bem-sucedidas, o WMP entrou em processo de expansão nacional no ano de 2019. Atualmente, o método do WMP está sendo implementado nas cidades de Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG), com financiamento do Ministério da Saúde e em parceria com os governos locais e diversos outros parceiros regionais. Em Belo Horizonte já teve início a soltura dos wolbitos em três regiões pilotos e será realizado um RCT no município.

 

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