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ENTREVISTA Sexta-feira, 17 de Julho de 2009, 11:16 - A | A

Sexta-feira, 17 de Julho de 2009, 11h:16 - A | A

Exclusivo: Dagoberto Nogueira fala sobre eleições 2010, critica administração do governo e ainda fala sobre corrupção em Mato Grosso do Sul

Reginaldo Rizzo - Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

O deputado federal, Dagoberto Nogueira (PDT, explica acordo com Carlos Lupi para assumir a liderança da bancada do PDT na Câmara Federal. Como pré-candidato ao Senado, Dagoberto fala sobre eleições 2010, má administração do governo do Estado na sua visão, e da corrupção em Mato Grosso do Sul.

Confira a entrevista:

Capital News: Quando o senhor deve assumir a liderança do PDT na Câmara Federal? Quais foram os critérios para a escolha?

Dagoberto: Dia 1º de agosto em diante eu passo a ser o líder. Nós tínhamos duas candidaturas para líder do partido. Nós tínhamos uma posição muito boa para ganhar a liderança, dos 25 deputados eu tinha 17 deputados comigo.

O Lupi me fez uma proposta que ele queria que o Brizolinha ficasse seis meses. Ele tinha um compromisso com ele sem comunicar a bancada. Ele pediu para o Brizola não disputar com o Vieira da outra vez, o deixando ser candidato único. Então, o Lupi me chamou e disse sobre o compromisso firmado com o Brizola, onde ele seria o próximo líder. Com isso fomos para o embate, em voto secreto, onde eu ganhei com 20 votos.

Então acordamos que cada um ficaria seis meses, pois cheguei há pouco no Congresso e não queria criar um desacordo. Eu escolhi o segundo semestre, porque é onde vota o orçamento da união, decide as grandes pautas e a reforma tributária.

Capital News: O senhor sabe se já houve o caso de um parlamentar de Mato Grosso do Sul assumir uma bancada na Câmara?

Dagoberto: Nesses últimos mandatos eu tenho certeza que não. O papel do líder é importante, pois decide pauta e acordos. Então, isso acaba favorecendo muito o Estado. A partir do dia 1º de agosto eu sou titular de todas as comissões. Então modifica muito para nós.

Capital News: Sobre as eleições do diretório estadual do PDT. Você pretende se candidatar?

Dagoberto: No PDT nós temos um esquema de rodízio. O meu candidato é candidato é o João Leite Schimith, porque ele não é candidato a nada, além de ser uma pessoa que decide muito pela razão e é um nome de respeitabilidade. Caso ele não seja candidato, eu gostaria de ser.

Capital News: Como anda a aliança entre o PDT e o PT para as eleições 2010?

Dagoberto: Eu faço política muito não só com razão. Eu faço com emoção mesmo. Podem até dizer que é ante-profissional, mas graças a Deus eu não quero virar profissional da política. Então é por causa dessa condição de não querer ser profissional da política e o Zeca ter proporcionado essa vaga e também pelas razões de que o André, está sendo uma grande decepção.

Eu tive muitos votos no setor produtivo e de muitos trabalhadores. Hoje o setor produtivo vai mal e o emprego também. Então nós temos que criar alternativas para enfrentar essa crise e o André não está fazendo nada. O Lula diminui impostos e dá incentivo aos empresários, enquanto aqui o nosso só aumenta.

Capital News: O senhor não aprova a forma como o governador vem administrando o Estado?

Dagoberto: Não aprovo. É uma forma autoritária. No governo do Zeca, tinham várias concessionárias fechando, porque as pessoas traziam carro de fora. Nessa época, o fato de eu ter isentado o IPI das concessionárias daqui. O Estado deixou de arrecadar 3%, mas viabilizaram outros 17% do ICMS. Então o administrador tem que ter essa visão. Às vezes é muito melhor de 100% passarmos a arrecadar 80%, do que não abrir mão de nada e o comércio fechar.

Capital News: Qual o motivo da aliança do PDT e o PT? O senhor acha que o Zeca tem mais condições de ganhar?

Dagoberto: O Zeca cumpriu tudo com o PDT. Prestigiou politicamente o nosso partido, deu secretarias e ajudou o PDT a crescer. O Zeca ainda não ultrapassou o André nas pesquisas. Ele já se aproximou muito, mas até o fim do ano ele ultrapassa. Mas a aliança é porque o André cortou todos os programas sociais, esta questão do desemprego.

Eu entortei a roda do meu carro no distrito de Angélica, Ipezal, do tamanho do buraco que tinha. Não sei como pode transitar ali. Quando você entra em uma rodovia federal está toda recapeada, tanto é que quando o André faz propaganda ele só fala de rodovia federal, que não e um real dele, nenhum projeto dele, é tudo federal.

Capital News: O senhor acha que por causa da crise o governo diminuiu as obras no Estado?

Dagoberto: Ele mais do que dobrou a arrecadação do que na época do Zeca e ele fazia tudo isso na época com menos da metade da arrecadação. Então o problema não é de arrecadação, é de gestão. O André centralizou demais e hoje ele não está dando conta da administração, ele está administrando o Estado o que ele fez por Campo Grande?

Quando nós votamos nele pensamos que ele faria pelo estado o que ele fez por Campo Grande? Foi um grande prefeito, agora a gente já percebe que qualquer um pode ser um bom prefeito de Campo Grande, porque ele está sendo um péssimo governador.

Capital News: Então o senhor acha que o Nelsinho não está sendo um prefeito?

Dagoberto: Não quero fazer criticas ao Nelsinho, mas eu andei com um deputado do Paraná e ele falou que um cara que anda nas ruas de Campo Grande não pode usar dentadura, porque ela está toda arrebentada. Ele falou que o dia que alguém tiver que recapear aqui vai ficar uma fortuna, porque o prefeito desses últimos anos não recapeou.

A saúde ele ainda não conseguiu resolver o problema e as obras que o Nelsinho está fazendo é tudo obra do governo federal e Campo Grande é um município que arrecada bastante. Não estou dizendo que ele está indo mal, mas poderia estar indo melhor.

Capital News: Seria por causa das eleições passadas, onde o senhor iria compor a chapa de Nelsinho e acabou ficando de fora, que você não gostaria de dar o apoio ao PMDB?

Dagoberto: O PMDB tem essa tradição de não cumprir nada com ninguém. Havia essa expectativa e compromisso de me apoiarem, mas ficou constatado que era só para me tirar da campanha. Então eles são profissionais da política. Você vai ver no período eleitoral o que é coisa que vai sair contra mim, Delcídio e o Zeca. Um exemplo é o que fizeram com o Semy Ferraz, colocaram coisas dentro do carro dele e agora ficou provado isso. Então é um pessoal que joga muito sujo.

Quando eu fui buscar o apoio do PT eles se acertaram para não me dar legenda, eles não queriam que eu disputasse com o Nelsinho. Agora eu quero ver, porque ele acertou com vários partidos para não me dar tempo na televisão, por isso eu não tenho dúvidas de que ele deixar a prefeitura para disputar comigo eu tenho certeza que vou dar uma surra nele.

Capital News: Diante dos nomes para pré-candidatos, o senhor acha viável sair candidato ao Senado do que permanecer na Câmara?

Dagoberto: Acho que no Senado posso contribuir muito mais do que como deputado federal. Enquanto na Câmara são 513 parlamentares, no Senado são apenas 81, então senador tem muito mais força.

Capital News: Como anda o relacionamento do senhor com o Delcídio, que declarou que você esperava uma desculpa para sentar no colo do André?

Dagoberto: Foram falar para ele que eu estava cobrando uma posição dele, como se estivesse numa posição dúbia, mas nunca fiz isso. Então ele disse isso, como se fosse verdade. Se eu tivesse vontade de ir no colo do André eu já teria ido, teria sido secretário. Ele pode falar isso de muita gente, menos de mim.

Capital News: O senhor acha que a operação Owari deflagrada em Dourados, onde está sob administração de um membro do PDT pode atrapalhar o partido?

Dagoberto: Isso está me cheirando falcatrua de profissionais da política. Nada disso foi feito na atual administração. Hoje tem muitos interesses em jogo. Eu não tenho dúvida de que tem intuito político. Esse pessoal não tem escrúpulo.

Então é um perigo também esse dinheiro que vai para Assembléia e volta para outros poderes. Se não tiver uma intervenção federal corre um grande risco a democracia aqui no Estado.

Isso já acontece há muitos anos e o Ari Artuzi só assumiu agora. O superintendente da Polícia Federal hoje que era daqui é o secretário de segurança pública do André, já foi secretário, começa puxar pela raiz as coisas. Por que as polícias só entraram agora nas investigações?

Capital News: Foi veiculado na imprensa que haveria irregularidades na tarifa de transporte de ônibus de Campo Grande. Com a sua experiência em Brasília, qual a situação do nosso transporte urbano?

Dagoberto: Tem alguma ação que tornou publica dessas coisas que estão acontecendo de errado aqui em Campo Grande? Lá em Dourados, porque um cara conversou com o outro, foram tudo preso. Aqui acontece esse tipo de bandalheira e não sai nem no jornal.

Está num patamar aqui em Mato Grosso do Sul muito perigoso e vai estourar, pois da forma que está não vai agüentar. Está um vexame. Se forem investigar o que está ocorrendo aqui, no dia pegar não sobra nada, vai ser que nem uma cesta de caranguejo, isso vai puxando vai estourando tudo, não sobra nada.

Capital News: Quem poderria fiscalizar? A Câmara de Campo Grande ?

Dagoberto: É muito agressivo o sistema de proteção. Onde vai cobrar? Com quem? Quem socorre? Se está todo mundo nesse rolo. Deus me livre. Brasília já está sabendo disso, muita gente também já está sabendo disso. Você não está vendo o que está acontecendo com o Sarney, é o mesmo saco de caranguejo daqui, quando puxar um sai um monte.

Capital news: Como deve ser sua atuação no Senado, caso eleito?

Dagoberto: Acho que podemos contribuir muito para Mato Grosso do Sul. Com a força de senador o que eu consegui como deputado federal você pode multiplicar por dez. Nossa intenção é continuar brigando para pelo desenvolvimento do Estado e não ficar só no discurso e levar o Estado a um retrocesso como está acontecendo.

 

 

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