Morreu hoje aos 81 anos, em Paris, Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro cujo trabalho é reconhecido e premiado em nível internacional, informou a organização não-governamental Instituto Terra, fundada por ele. Salgado contraiu uma malária na Indonésia e 15 anos depois a doença que afetou seu sangue se transformou 15 anos depois em leucemia. Por isso, se aposentou do trabalho de campo em 2024, dizendo que seu corpo estava sentindo “os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”.
"Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora", diz o texto do Instituto Terra.
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu na cidade de Aimorés (MG), em 1944. Em 1969 saiu do Brasil por causa do recrudescimento do governo miliar e junto com a esposa Lélia Wanick Salgado foi morar na capital francesa. Formado em Economia, descobriu a fotografia em 1973 e ficou famoso por registrar impressionantes imagens, como as da Serra Pelada na década de 1980 e o ensaio "Êxodos", mostrando povos migrantes pelo mundo. Ao todo, percorreu mais de 120 países. Em 1998, ao lado da esposa Leila, fundou o Instituto Terra, em sua luta pelo reflorestamento da Mata Atlântica brasileira e do planeta em geral.
Sua foto mais famosa, "Serra Pelada", foi incluída pelo "The New York Times" na seleção de 25 imagens que definem a modernidade desde 1955. O jornal destacou a escala impressionante e a força visual da composição, registrada em 1986. O local retratado no coração da Floresta Amazônica, no leste do Pará, ficou conhecido como o maior garimpo a céu aberto do mundo. “Eu nunca vi nada parecido. Vi passar diante de mim, em frações de segundo, a história do humano, da humanidade, a Torre de Babel”, afirmou Salgado sobre a série de fotos o tornou um fotógrafo consagrado.
Ao longo da carreira, Sebastião foi premiado com diversas honrarias. Recebeu a comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil, era membro da Academia de Belas Artes francesa, Embaixador da Boa Vontade da Unicef e membro honorário da Academy of Arts and Science dos Estados Unidos. No ano passado, declarou ao jornal Guardiam: "Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas." (Com G1)
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