O presidente Lula reagiu na noite anterior à carta a ele enviada por Donald Trump defendendo Jair Bolsonaro e prometendo taxar em 50% todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos a partir de agosto. Em rede social, o presidente brasileiro afirmou que usará a Lei de Reciprocidade Econômica em resposta ao tarifaço, a defendeu a soberania do Brasil e disse que é falsa a alegação do presidente dos EUA de que a taxação seria em razão de déficit na balança comercial com o Brasil.
A chamada Lei da Reciprocidade Comercial, foi aprovada pelo Congresso e sancionada por Lula neste ano após as ameaças de tarifaços feitas por Trump (leia aqui). Essa lei autoriza o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil no mercado global. "A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, afirmou o presidente.
A embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, avisou ao chefe da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, que Lula mandou “devolver” a carta de Trump por considerá-la “ofensiva”, com “afirmações inverídicas” sobre o País e “erros factuais” a respeito da relação comercial entre os dois países. A carta foi divulgada informalmente por Trump na rede social Truth Social.
O governo brasileiro nega a informação de Trump que diz haver déficit norte-americano. “As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”.
Sobre declarações de Trump em defesa de Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, e sobre ordens do STF contra apoiadores do ex-presidente, para justificar o ataque ao país, Lula rebateu: “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”.
O presidente também respondeu as críticas de Trump às decisões do Supremo contra perfis em redes sociais que praticavam discurso de ódio e divulgavam fake news. Lula afirmou que, “no contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática”.
“No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”, escreveu. “No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”, acrescentou.
Antes de publicar a nota, o presidente Lula coordenou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto com a presença de seus principais ministros, como Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Internacionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), além do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. (Com Agência Brasil e Estadão)
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