Estudos internacionais e dados do IBGE mostram aumento da busca por acompanhamento psicológico, diante do crescimento dos divórcios no Brasil e da consolidação da terapia online
A terapia de casal é indicada quando os conflitos se tornam frequentes, intensos ou quando o diálogo já não produz resultados. Um dos estudos clínicos mais relevantes sobre o tema foi realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
A pesquisa acompanhou 134 casais em crise profunda ao longo de um ano, com 26 sessões de terapia. O resultado mostrou que dois terços apresentaram melhora significativa. Cinco anos depois, metade dos casais se mantinha estável, 25% haviam se separado e 25% não apresentaram mudanças relevantes. O estudo foi divulgado em 2010 pela Folha de S.Paulo.
No Brasil, os números de separações reforçam a necessidade de olhar para o tema. Entre 2020 e 2021, os divórcios registrados em cartório cresceram quase 17%, totalizando cerca de 386 mil casos, de acordo com dados do IBGE divulgados em fevereiro de 2023.
Deste total, 46% eram casamentos com menos de dez anos e 56% envolviam filhos menores. Para especialistas, o aumento da procura por terapia de casal está diretamente ligado a este contexto, como estratégia de enfrentamento e prevenção.
O processo terapêutico é geralmente breve e focado em soluções, e a maioria dos casais conclui o acompanhamento entre 12 e 20 sessões, com frequência semanal ou quinzenal, a depender da avaliação inicial do psicólogo responsável e dos objetivos definidos.
O trabalho busca identificar padrões de conflito, promover novas formas de comunicação e apoiar o casal na tomada de decisões mais conscientes, seja para fortalecer a relação ou para conduzir uma separação de maneira menos desgastante.
Nos últimos anos, a modalidade de terapia online se consolidou como alternativa viável. O formato ganhou destaque principalmente durante a pandemia de covid-19, quando os atendimentos presenciais foram interrompidos.
Pesquisas posteriores apontaram que os resultados obtidos remotamente são comparáveis aos presenciais, desde que respeitados os critérios técnicos e éticos estabelecidos pelo Conselho Federal de Psicologia.
Para casais com agendas sobrecarregadas, que vivem em cidades diferentes ou que enfrentam dificuldades de deslocamento, o formato digital permitiu manter a regularidade das sessões e ampliar o acesso ao acompanhamento especializado.
O cuidado com a saúde do relacionamento tem impacto direto no bem-estar psicológico individual. Dados do IBGE mostram que o fim de um casamento costuma gerar consequências emocionais e financeiras significativas, especialmente em casais com filhos.
Neste contexto, a terapia de casal deixou de ser um recurso apenas para situações de crise e passou a ser compreendida como uma medida preventiva, capaz de fortalecer laços, reduzir tensões e favorecer relações mais equilibradas.