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ENTREVISTA Terça-feira, 22 de Maio de 2012, 07:06 - A | A

Terça-feira, 22 de Maio de 2012, 07h:06 - A | A

Edição 2012 da Expo-MS Industrial poderá ser a maior de todas, diz Longen

Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen conversou com o site Capital News sobre as novidades e as expectativas para a Expo-MS Industrial, que acontece de terça (22) a sexta-feira (25), no Centro de Convenções e Exposições Albano Franco, em Campo Grande.

Cauteloso, Sérgio Longen evitou falar em números, mas reconheceu que a expectativa é de que esta 3ª edição seja a maior de todas. De acordo com a assessoria de imprensa da Fiems, a feira poderá movimentar cerca de R$ 150 milhões em negócios.

Longen disse também da preocupação do setor empresarial e da peregrinação que fez em Brasília para manter os incentivos fiscais às indústrias instaladas em Mato Grosso do Sul. Para ele, a possibilidade de o Estado não poder mais dar e manter os incentivos fiscais para atrair empresas resultaria em um “caos”.

Na entrevista de quase 20 minutos, o presidente da Fiems falou ainda sobre redução de juros e voltou a defender a mudança do fuso horário de Mato Grosso do Sul.

Capital News – Qual é a expectativa de público para a Expo-MS Industrial?

Sérgio Longen - Eu acho que o público é o do setor empresarial. Então, não é uma feira de massa. É uma feira mais empresarial. A nossa expectativa de público deve superar a de 2010, mas esperamos que o público que venha à feira seja um público atrás das informações que nós estamos proporcionando como as de área de crédito, dos incentivos fiscais, de pesquisa e inovação, cenário para os incentivos e energia. Essa é a nossa busca.

Capital News – E qual a previsão de movimentação financeira?

Sérgio Longen – O ideal é que esses números sejam levantados depois, até porque nós estamos buscando dentro do cenário da feira, no ambiente de negócios, que nós construamos as ações de negócio. Não temos expectativa porque os números serão buscados durante o encontro. Não podemos dizer que vamos negociar tantos bilhões ou teremos um grande público. Na verdade, é uma feira que durante a feira vamos construir as oportunidades de negócio e vamos construir também as ações que nós vamos desenvolver nos próximos anos em fomento ao desenvolvimento da indústria.

Capital News – A assessoria de imprensa da Fiems chegou a divulgar que seriam movimentados R$ 150 milhões. Será a maior das edições?

Sérgio Longen – A expectativa é essa de ser a maior das edições. Eu não gosto muito de adiantar números porque acabam gerando expectativa. Para mim, o que é importante, por exemplo, é abrir as portas para os recursos do FCO [Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste], deste ano, no caso do Banco do Brasil, que vem muito agressivo à feira com propostas ao setor empresarial de capitação e empréstimo de recursos do FCO. Também o BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul] vem propondo ao pequeno e ao médio ações dos recursos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e a própria Caixa Econômica também vem buscando o seu espaço no setor empresarial e industrial. Teremos grandes bancos como Caixa Econômica e Banco do Brasil que farão uma busca por clientes e projetos pra serem desenvolvidos no Estado. Os dois estão bastante ansiosos e nós esperamos como agentes de fomento conseguir aproximar os recursos dessas grandes entidades. Até porque depois de tanto tempo nós temos conseguido o sonhado juro no Brasil em situação um pouco mais decente. Temos o PSI [Programa de Sustentação do Investimento], que vai proporcionar investimento também no programa de financiamento que o governo liberou com recurso do BNDES. O PSI proporcionará investimento em caminhões, máquinas e equipamentos pesados. Temos algumas empresas também que vão propor a venda de equipamentos via recursos de financiamento do PSI. A soma disso tudo nós esperamos que supere os valores que estão sendo pré-divulgados.

Capital News – Quais as novidades desta edição?

Sérgio Longen – Nós temos as mais variadas novidades. A principal novidade que temos é a questão da logística. Conseguimos há 30 dias iniciarmos o processo de integração logística de Mato Grosso do Sul com o Centro-Oeste e com a América do Sul. Acredito que entre 4 a 6 meses teremos o mapa de logística de integração pronto em Mato Grosso do Sul. Vamos fazer uma mostra durante a feira exatamente para a população começar a perceber a importância da logística para nós reduzirmos custos em termo de logística. Temos algumas inovações na área da construção civil, o circuito de negócios com países do Mercosul, as ações dos cursos técnicos que nós vamos divulgar durante a feira e acabar de certa forma de direcionar com os prefeitos e os empresários de cada região os cursos técnicos que o Sesi e o Senai farão ao longo desses próximos dois anos (2012-2013). É uma série de definições que vem desse encontro da indústria com os empresários e nós acabamos mostrando o que é a indústria de Mato Grosso do Sul, onde é que a indústria está e o que ela tem feito.

Capital News - O senhor falou na queda de juros bancários. O setor industrial já está sentindo o reflexo na economia?

Sérgio Longen – Com a chegada dos recursos com juros mais aceitáveis e possíveis, nós esperamos que o planejamento de investimentos a empresa volte até porque na grande maioria estavam suspensos. Então, agora a partir do mês que vem, esses juros do PSI estarão disponíveis. Então essas empresas estarão colhendo propostas para que esses recursos sejam liberados com juros de 6% a 8% ao ano, faz com que o setor de máquinas se movimente bastante. Temos também o cartão do BNDES que é um grande recurso, que também está operando com juros a baixo de 1%, e a Caixa Econômica também vem bastante agressiva em termos de capital de giro, com juros mais em patamares aceitáveis e possíveis. Nós entendemos que em termos de financiamento teremos uma grande porta aberta com a Expo-MS Industrial.

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Sérgio Longen é otimista, mas reconhece que sem incentivos fiscais MS viveria o caos
Foto: Deurico/Arquivo Capital News

Capital News - Qual a sua perspectiva diante da súmula vinculante 69 do STF (Supremo Tribunal Federal)? Qual é o tamanho da dor de cabeça que isso está provocando para o setor industrial?

Sérgio Longen – Na semana passada nós fizemos uma movimentação em Brasília [DF]. Eu tive o apoio do governador André Puccinelli, dos três senadores de Mato Grosso do Sul, da bancada federal, estivemos com o presidente Sarney [José Sarney, do Senado]. O presidente Sarney acatou a preocupação nossa, do setor empresarial de Mato Grosso do Sul e do Brasil até porque a súmula vinculante está no Supremo [Tribunal Federal] e existe hoje um projeto de lei que está no Senado, na relatoria do senador Delcídio do Amaral [PT/MS], na CAE, que é a Comissão de Assuntos Econômicos, para que tire a unanimidade do Confaz [Conselho Nacional de Política Fazendária]. Então, se nós conseguirmos um tempo, que inclusiva foi a proposta do presidente Sarney ao presidente Ayres Brito, do Supremo, para que ele avalie a possibilidade de construir um prazo, nesse prazo o Senado Federal se pronunciar a respeito desse projeto de lei que nós temos em Brasília, no Senado, em tempo hábil. Aí sim nós poderíamos homologar os incentivos fiscais junto ao Confaz. É um trabalho bastante árduo, bastante difícil, mas entendo que nós demos um passo importante hoje, envolvendo o Supremo Tribunal Federal e envolvendo também o Senado Federal. Então, eu acho que nós construímos algo bastante importante para os incentivos fiscais não só de Mato Grosso do Sul, mas para todo o Brasil.

Capital News – O projeto tem chance de passar no Congresso Nacional?

Sérgio Longen – Tem chance de passar até porque nós temos praticamente 25 estados dependendo do fim da unanimidade do Confaz para defender os seus interesses regionais. O Brasil tem as mais variadas culturas e as mais variadas particularidades para serem desenvolvidas. Nós não podemos imaginar que o Brasil seja São Paulo e que tudo o resto do país é igual a São Paulo. Temos exemplos que deram certo como a Zona Franca de Manaus e defendemos que os estados ou as regiões tenham incentivos fiscais nos moldes do projeto de lei apresentado pelo Delfin Neto, relacionados com o seu índice de desenvolvimento [IDH]. Que em definitivo se vote isso no futuro, mas que se tenha cenário favorável para desenvolvimento e um cenário bem tranquilo para avaliação de empresas que estão instaladas e de empresas que tem interesse em participar de desenvolvimento regional.

Capital News – Sem a aprovação desse projeto e com a súmula vinculante 69 aprovada, o que acontece com Mato Grosso do Sul?

Sérgio Longen – Eu não quero nem avaliar essa possibilidade. Eu não trabalho com ela (pausa). Seria assim, o caos. Se nós fossemos imaginar isso. Então é um cenário que eu não gosto nem de avaliar e nem de pensar. Eu prefiro e preciso trabalhar forte no outro cenário: de que o cenário vai se manifestar a tempo. Nós vamos conseguir aprovar o projeto 85 e nessa condição vamos homologar os incentivos fiscais para o nosso Estado e os outros Estados também, que estão na mesma situação. Então esse é o cenário que eu não quero nem avaliar.

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Longen defende mudança do horário do Estado e afirma que decisão é política
Foto: Deurico/Arquivo Capital News

Capital News – Há algum tempo que não se fala em mudança do fuso horário. Você é a favor do horário de Brasília em Mato Grosso do Sul?

Sérgio Longen – Nós precisaríamos ter o horário de certa forma oficial de Brasília (DF). Eu entendo que propostas que fizemos no passado poderiam voltar à tona, mas infelizmente, ou felizmente, eu não sei, nós precisaríamos criar esse cenário junto com a população. A população é dividida quanto a esse pleito, mas eu entendo que aquele famoso jargão ‘integrar para desenvolver’, nós precisamos criar a integração e eu entendo que o horário atrapalha Mato Grosso do Sul com o atraso de uma hora em relação a Brasília. Até porque nós temos aí praticamente 80% do consumo daqui integrado com o horário de Brasília. Isso não cabe só a mim. É uma posição pessoal do presidente da federação, mas as dificuldades que temos são regionais. Os principais municípios que temos em divisa com os estados com horário de Brasília, praticamente todos trabalham com o horário de Brasília como é o caso de Três Lagoas, de Paranaíba, de Aparecida do Taboado e da região Sul do Estado. A maioria desses municípios já trabalham com o horário de São Paulo. O que nós precisávamos é oficializar isso. Agora, isso é uma questão política e não cabe só a mim. Nós teríamos que integrar a classe política para desenvolver uma proposta como essa.

Capital News – O senhor afirmou que é uma opinião pessoal...

Sérgio Longen – É uma opinião pessoal do presidente da Fiems. É claro que quando eu falo é uma opinião do setor industrial. Nós temos mais de 90% do setor industrial interessado em que nós tenhamos o horário oficial de Brasília.

Capital News – O senhor acha que o plebiscito é o melhor caminho?

Sérgio Longen – Eu acho que nós poderíamos fazer um grande debate. Até no passado nós preparamos isso. Eu tenho um levantamento do Observatório Nacional, que é quem cuida do horário oficial do Brasil. Essa entidade fez uma pesquisa para a federação das indústrias e se posicionou favorável à mudança do horário, dizendo que Mato Grosso do Sul tem condições ideais para que tenha a mudança do horário. Agora, é uma decisão política. Condições favoráveis temos, mas tem uma pequena região do Estado que não tem condição favorável, que é aquela questão do Pantanal, em Corumbá. Ali realmente não tem condição favorável. Mas mais de 90% do Estado tem condições favoráveis.


Por Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

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