Apesar de se destacar em todo o país, sobretudo na região Centro-Oeste e ter alcançado o 2º lugar no ranking de produção nacional, o setor sucroenergético perde diante da ausência de políticas públicas que definam o papel do etanol na matriz de combustíveis líquidos e o da biomassa na matriz de energia elétrica. Mato Grosso do Sul está entre os cinco maiores estados em moagem de cana e ocupa o 3º lugar em produção de etanol hidratado e 4º em etanol total.
Segundo Alexandre Figliolino, diretor de agronegócios do Itaú BBA, durante o 2º Canacentro, em 2012, o prejuízo resultante da não paridade com os preços internacionais, causado pela importação da gasolina, foi da ordem de R$ 1,6 bilhão. No ano passado, o prejuízo foi de R$ 1,24 bilhão, e para este ano a perda estimada é de R$ 2,9 bilhões.
A oferta de bioeletricidade de bagaço de cana tem crescido ao longo dos últimos anos, porém muito abaixo do potencial, reflexo dos leilões mais antigos. O preço médio da venda de energia elétrica para biomassa tem caído ao longo do tempo, apesar de leve recuperação nos últimos leilões.
O cenário apresentado desencadeia no setor perdas de investimentos e instalação de novas empresas. “A conta de combustíveis líquidos e energia uma hora vai chegar ao consumidor, e a falta de investimentos na produção de energia limpa pode gerar efeitos muitos danosos no futuro”, comenta o diretor, ressaltando que se o governo investisse na produção de energia de biomassa, haveria maior competitividade para o segmento.
Outro entrave para o setor, principalmente em Mato Grosso do Sul, é o logístico. O Estado fica distante dos principais portos. De acordo com levantamento da Bloomberg, o custo do transporte de açúcar até o porto de Santos pode chegar a R$ 143,00 por tonelada em MS, tendo como ponto de partida o município de Naviraí. Em Ribeirão Preto (SP) o esse valor fica R$ 59,00 mais barato, chegando a R$ 84,00, devido a sua localização geográfica.
O Estado apresenta fatores que contribuem positivamente para o setor, como áreas de tamanhos bons; custo de arrendamento mais baixo, havendo forte ocupação dos campos de pastagem (apesar da competição com grãos ser forte em algumas áreas); bons ambientes de produção, com boa produtividade agrícola; unidades modernas, com boa recuperação industrial e cogeração de energia de biomassa. Outro fator positivo são os preços valorizados do açúcar no mercado internacional, com taxa de câmbio positiva para negociações.