Os pecuaristas que estão na lista de credores do frigorífico Independência de Mato Grosso do Sul estão se articulando para participar do processo de recuperação judicial da empresa, que tramita há pelo menos 20 dias da cidade paulista de Cajamar, onde fica a sede do Independência.
A idéia da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS) é que os produtores do Estado se organizem em bloco para negociar judicialmente as dívidas com o grupo, e assim terem prioridade no momento em que Independência iniciar o pagamento das dívidas da empresa. “Na recuperação judicial, o produtor receberá primeiro porque o frigorífico depende de sua matéria-prima para continuar funcionando”, afirmou o assessor jurídico da Famasul, Carlo Daniel Coldibelli Francisco.
O presidente da Famasul, Ademar Silva Júnior, informou que nos próximos dias a Justiça de São Paulo deverá convocar uma assembléia com todos os credores do Independência. Segundo ele, no caso da criação de um bloco para negociar coletivamente as dívidas, os pecuaristas de MS ganhariam força, já que juntos os produtores do Estado representam aproximadamente 18% do montante da dívida do frigorífico.
A dívida do Independência com pecuaristas de MS ultrapassa os R$ 51 milhões, o que corresponde a aproximadamente 41 mil cabeças de gado. “Estamos pedindo para que os sindicatos identifiquem e convoquem os pecuaristas credores do Independência. Vamos oferecer toda nossa assessoria jurídica para representá-los de forma coletiva nas negociações vias judiciais. Juntos, os produtores ganham força para articular o pagamento da dívida”, comentou.
A recuperação judicial foi a maneira encontrada pelo Independência de levantar-se sem fechar as portas, mantendo o emprego dos trabalhadores e os interesses dos credores. A solução também é a melhor saída para os pecuaristas que podem negociar e têm prioridade no pagamento das dívidas da empresa.
Outra preocupação dos pecuaristas de MS está relacionada a uma possível falência do Independência. Isto porque os credores perderiam a prioridade no pagamento das dívidas do frigorífico. Em caso de falência, os primeiros a serem pagos serão funcionários, o Fisco e os bancos.
Em visita ao Estado no final de semana, a presidente da CNA (Confederação Nacional de Agricultura), senadora Kátia Abreu, disse que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Sustentável) deve liberar nos próximos dias R$ 200 milhões para o grupo Independência. O dinheiro seria utilizado para o pagamento dos pecuaristas credores.
(Diário MS)
