A crise na indústria frigorífica em Mato Grosso do Sul é a pior dos últimos anos. Cerca de 5 mil trabalhadores já foram demitidos de outubro de 2008 a janeiro deste ano e nos últimos 12 meses, nove empresas fecharam as portas, três apenas em Campo Grande: Boi Centro-Oeste, Diplomata e Independência.
O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas, Ivo Scarcelli afirma que a situação não é alarmante e que não vê motivos de preocupação em Mato Grosso do Sul. “Estão sendo tomadas algumas providências. É preocupante, mas não é alarmante. Pelo menos em MS não há receio de grandes preocupações”, assegurou, dizendo que medidas como conversações com as empresas e governo estão sendo realizadas.
O analista de mercado, João Cuthi Dias explica que a causa das demissões vão muito além da crise no mercado internacional e que a grande oferta de carne no mercado, a queda nas exportações e os baixos preços pagos no mercado interno contribuem para esse quadro. “As empresas sofrem com tudo isso, principalmente por causa do absurdo que se paga em encargos sobre a folha salarial”, enfatizou.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação de MS, Rinaldo Salomão, as demissões são um susto para a categoria, já que desde 1984, quando começou a trabalhar no frigorífico Independência, que demitiu 400 funcionários há dois dias, “nunca houve demissões em massa. Sempre trocava de grupo, mas os funcionários permaneciam”.
Hoje à tarde, em reunião com a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), o sindicato dos trabalhadores vai dar resposta à proposta da federação de reduzir em até 25% a jornada de trabalho e os salários por conta da crise. Ao que tudo indica, segundo o próprio Salomão, a reposta será negativa para a sugestão da Fiems.